CNM/CUT adia Congresso e reitera papel do Estado como indutor do desenvolvimento

CNM/CUT

Os metalúrgicos e metalúrgicas da CUT decidiram, em plenária estatutária encerrada nesta quinta-feira (20), adiar a realização do 9º Congresso Nacional da categoria para 2015.

Pelo estatuto da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), o Congresso – instância máxima de deliberação da categoria – deve acontecer a cada três anos. O próximo seria em 2014. “Pela característica do ano que vem, com Copa do Mundo e eleição, e, principalmente, pelos embates que teremos de fazer para garantir que o projeto da classe trabalhadora tenha continuidade no país, a decisão de adiar o Congresso foi a mais acertada”, avaliou o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres.

O adiamento foi aprovado por unanimidade pelos 130 delegados e delegadas presentes à Plenária, que teve início na quarta (19) e nesses dois dias discutiu a conjuntura nacional e internacional, a política industrial e a importância do macrossetor da indústria organizado no âmbito da CUT. Os (as) metalúrgicos (as) também se reuniram em grupos para discutir a organização nacional da categoria em cada um dos setores do ramo metalúrgico.

Ao final da plenária, foi aprovada a Carta dos (as) Metalúrgicos (as) “Política Industrial: o Brasil precisa e nós queremos” (slogan que foi tema do evento). O documento pontua a pauta da categoria para a construção da política industrial do país (veja no final desta matéria).

O painel que discutiu o adiamento do Congresso e submeteu aos delegados e delegadas o texto final da Carta teve a presença dos presidentes da CNM/CUT, Paulo Cayres, e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, e a mediação da vice-presidente da Confederação, Rosilene Matos.

Cayres e Marques destacaram o momento histórico em que a plenária ocorreu. “Tivemos um salto organizativo ao longo das últimas décadas e agora é momento de refletirmos sobre o futuro das nossas organizações”, ponderou Marques, ao referir-se à conjuntura atual, com a série de manifestações que têm ocorrido no país (veja aqui).

Paulão afirmou que os sindicatos e a classe trabalhadora têm uma importante tarefa no próximo período, para garantir a democracia e o desenvolvimento econômico com justiça social. “Temos de garantir que as nossas conquistas não sejam retiradas e também avançarmos mais para consolidar as liberdades democráticas no nosso País”, disse o presidente da CNM/CUT.

Confira o documento aprovado ao final da Plenária:

POLÍTICA INDUSTRIAL: O BRASIL PRECISA E NÓS QUEREMOS

Os Metalúrgicos e as Metalúrgicas da CUT, representados por sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CNM/CUT), reunidos em regime de Plenária entre os dias 19 e 20 de junho de 2013, cumprem com sua tarefa histórica de discutir e formular propostas com o objetivo de interferir nos rumos da indústria nacional.

A atual Política Industrial do Governo Dilma, intitulada Plano Brasil Maior (PBM), não apenas tem como tarefa elaborar medidas de incentivo ao desenvolvimento da indústria nacional, mas também garantir a participação e incluir demandas dos principais atores envolvidos no processo produtivo: o trabalhador e a trabalhadora.

Uma indústria forte e pactuada com o conjunto da sociedade reflete tanto nos rumos da economia, quanto no cotidiano dos trabalhadores e trabalhadoras de nosso país. Não foi por mero acaso que a melhora nas condições de vida, renda e de trabalho do povo brasileiro, materializada entre 2003 e 2013 no crescimento de mais de 63% no emprego formal (ultrapassando a casa dos 48 milhões de pessoas) e, também, no sucesso das negociações salariais de data-base, ocorre num contexto de retomada de um projeto para a indústria.

Temos clareza que as melhorias citadas anteriormente, tão aguardadas pela classe trabalhadora brasileira, só foi possível porque o Estado reassumiu o papel de ser o indutor do desenvolvimento, apoiando-se, dentre outras tantas medidas, numa política industrial.

Continuaremos lutando, seja nos Conselhos de Competitividade do PBM, seja em outros espaços de debate em torno do futuro da indústria, para que a política industrial brasileira ora em curso reforce seu foco naquelas que consideramos serem questões centrais para a continuidade do projeto de desenvolvimento econômico e social:

1.         contar com a participação indispensável dos (as) trabalhadores (as) na elaboração e avaliação de propostas;
2.         garantir a presença de contrapartidas sociais e/ou trabalhistas nos financiamentos públicos;
3.         promover e ampliar o emprego bem remunerado e de qualidade, seguindo as premissas do trabalho decente;
4.         defender, estimular e valorizar a produção nacional;
5.         fortalecer e consolidar uma indústria moderna de qualidade;
6.         garantir que o empresariado e Estado melhorem os níveis de investimento produtivo na economia brasileira.

Dito isto, reforçamos nossa disposição de dialogar e reunir as demandas locais de nossos Sindicatos e Federações, garantindo espaços permanentes de formulação de propostas e de reflexão em torno dos setores que compõem o ramo metalúrgico: Aeroespacial; Automotivo; Bens de Capital; Eletroeletrônico; Máquinas e Equipamentos Agrícolas; Naval e Siderúrgico.

Direção Nacional e Delegados e Delegadas da Plenária Estatutária 2013