CMS mobiliza por reformas estruturais e mudanças na economia

Representativa, a plenária da CMS aprovou uma agenda política unificada dos principais movimentos sociais do país…





Vermelho

Realizar uma grande jornada unificada dos movimentos sociais, tendo como pauta mudança da política macroeconômica adotada pelo governo federal e realização das reformas democráticas estruturais. É para este rumo que caminha a plenária nacional da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) que ocorre nesta sexta-feira (25) em São Paulo. Com tom bastante crítico às medidas do início do governo Dilma, as entidades prometem muita mobilização em 2011.

Rafael Clabonde/Ubes

 

A mesa de abertura da plenária realizou uma análise de conjuntura que se caracterizou tanto pela diversidade das abordagens quanto pela unidade na leitura do contexto em que está inserida a luta social brasileira e mundial.

Embora os componentes da mesa tenham sido uníssonos em valorizar a vitória eleitoral de Dilma Rousseff como uma conquista em que o movimento social exerceu papel protagonista, todos e todas também concordaram com o caráter regressivo das medidas que marcam o início do governo. O recente embate das centrais com a equipe econômica do governo a respeito do salário mínimo foi inúmeras vezes citado para pautar o descompasso da linha macroeconômica adotada pelo governo com a necessidade de desenvolvimento do país, pautada pelos movimentos sociais.

Foto: Rafael Clabonde/Ubes
Para Augusto Chagas (UNE), o desenvolvimento do país depende de combater o problema da "distribuição de renda às avessas" que é a política econômica monetarista.

Balde de água fria

Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, o conjunto de medidas que abarcam o aumento dos juros, o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União, o congelamento das contratações de servidores públicos e a aprovação do salário mínimo de R$ 545 para 2011 são “um balde de água fria sobre o aquecimento da possibilidade de desenvolvimento brasileiro”.

A representante da Marcha Mundial de Mulheres, Sônia Coelho, relatou que desde 2002 os movimentos feministas apontam o que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) veio apresentar como resultado de um estudo em 2007: “a valorização do salário mínimo é uma política fundamental para alterar a condição de vida das mulheres e da população negra”, afirmou Sônia.

Para o presidente da UNE, há um perigo de absorção do discurso dos grandes veículos de comunicação por parcelas dos movimentos sociais, que admitem teses de que o primeiro ano de governo seria mesmo o momento das medidas conservadoras, conforme Lula fez em 2003. Augusto considera o argumento insustentável e recorda que o ex-presidente Lula recebeu uma “herança maldita” dos governos Fernando Henrique Cardoso, o que não ocorre agora.

Lutas mais pontuais, como as mobilizações pelo passe livre que ocorrem em diversas capitais brasileiras, também foram lembradas, no sentido de reforçar a capacidade de mobilização das organizações. O monopólio da mídia foi outro alvo importante das falas.

Namoro curto

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, chegou afirmar que “este namoro da Dilma com a mídia vai durar seis meses e aí depois o governo virá nos procurar para sustentá-lo, como fez em 2005”. A ideia foi reforçada por outras intervenções, que ressaltaram o caráter golpista das grandes empresas de comunicação.

Foto: Rafael Clabonde/Ubes
Gilmar Mauro (MST) afirmou que a reforma agrária exige mudança do modelo de produção agrícola no país e não apenas a distriuição da terra.

Para o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Gilmar Mauro, a mídia é um instrumento importante utilizado pelos que detêm o poder no país para exercer uma política de “coerção e consenso”, onde consensos são criados para justificar e tornar assimiláveis práticas de coerção. Ele avalia que a criminalização da pobreza é um consenso hoje no país, criado com a ajuda dos grandes veículos de comunicação para justificar a intervenção militar nos morros do Rio de Janeiro, por exemplo.

Quem interveio pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) foi o seu secretário de políticas sociais, Rogério Nunes, que, assim como o vice-presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas (Bira), concentrou sua intervenção no combate à atual política macroeconômica, tendo como mote a luta das centrais pela valorização do salário mínimo. “A Conclat realizada em 1º de junho e a plenária da CMS realizada em 31 de maio de 2010 provaram que temos capacidade de realizar grandes mobilizações. Não é na mídia que disputaremos a opinião da sociedade, temos que mobilizar; pois elegemos um projeto de continuidade das mudanças iniciadas por Lula e não o monetarismo e a retração”, conclamou Rogério.