Funcionário de carreira, com longa tradição de Petrobrás… ops… nada disso, Claudio Costa, o novo Gerente Executivo de RH da Petrobrás, indicação política de amigos dos amigos, só conhecia a companhia até há bem pouco tempo pelo que lia na revista Exame ou assistia pelo Jornal Nacional. Isso não o impediu de dizer, na reunião com funcionários do Edisp, que em 2015 a Petrobrás estava quebrada, como justificativa para o desmonte iniciado pelo governo tampão de Temer.
Costa, que se mostrou exímio em falar bobagem, repete o batido discurso dos privatistas para justificar a opção política e ideológica de entregar o patrimônio brasileiro e a maior empresa nacional para o controle do capital estrangeiro. Ou é mal informado ou mal-intencionado, mas em nenhum dos dois casos mostra qualificação para gerenciar uma empresa complexa como a Petrobrás.
O dito prejuízo da Petrobrás
Entre 2014 e 2017, a empresa apresentou resultados contábeis negativos, um acumulado de R$ 71,7 bilhões. No entanto, outros indicadores importantes mostram que o dito “prejuízo” foi uma opção de política da alta gestão. No mesmo período, a empresa apresentou faturamento (receita de vendas) de R$ 1,2 trilhão, lucro bruto acumulado de R$ 360,6 bilhões e EBITDA Ajustado de R$ 298 bilhões (confira tabela abaixo).
Então por que o balanço da companhia mostrou prejuízos contábeis?
Para explicar essa situação há alguns fatores determinantes, entre eles:
- Os impairment´s (termo contábil usado para avaliar preços de ativos, de acordo com as suposições e estratégias que serão adotadas pela empresa no futuro) foram responsáveis por R$ 112,4 bilhões em perdas (R$ 44,5 bilhões em 2014, R$ 47,6 bilhões em 2015 e R$ 20,3 bilhões em 2016). Economistas de diversos matizes questionaram os critérios adotados para estabelecer os impairment’s, observando que iam na contramão do que outras grandes petrolíferas fizeram.
- Queda no preço do barril de petróleo, de US$ 100/barril entre julho de 2014, chegando a US$ 26/barril em janeiro de 2016 e estabilizando na casa do US$ 50/barril. Como todos sabem (e Costa deveria saber), esse movimento cíclico motivado por disputas políticas internacionais tende a se estabilizar em médio prazo, perdas de um período são compensadas com ganhos em outros, ninguém pensa o mercado petrolífero em termos de meses e sim de anos e décadas. Mas Costa não deve saber disso, visto que sua experiência profissional é como indicado político na Prefeitura de São Paulo.
- Dificuldades em continuar com os projetos de investimentos, por conta da Lava Jato. Vários projetos importantes e com grandes volumes de investimentos não foram concluídos por conta de bloqueios/descontinuidade de contratação de empresas envolvidas em investigações. A obra da Comperj, por exemplo, continua parada (e, consequentemente, sem recuperação de investimentos) por embargos às empreiteiras que executavam as obras.
A dívida da Petrobrás também é apresentada como indicador da fragilidade da empresa e motivo para fechar unidades e demitir funcionários. Em setembro de 2018, a Petrobrás apresentou uma dívida líquida de R$ 291,8 bilhões. É um valor considerável, de fato, mas perfeitamente assimilável para uma empresa do porte da Petrobrás e tendo nas mãos uma das maiores reservas de óleo do mundo, o pré-sal, ops, de novo, estão entregando o pré-sal a preço de banana e tirando essa riqueza de nossas mãos.
Essa dívida em sua maior parte, 66%, é de longo prazo, com vencimento após 2023, o que é característico do setor petrolífero. Um dado a ser olhado com atenção é que 74% dessa dívida está em dólar, o que torna a Petrobrás mais suscetível aos humores da macropolítica mundial.
Outros fatores influenciam essa dívida, como o grande (e correto) investimento feito na descoberta do pré-sal.
Se ainda não sabe, Claudio Costa irá saber em pouco tempo quem é a categoria petroleira. Construímos com suor diário a maior companhia da América Latina, enfrentamos tanques do exército nas refinarias, enfrentamos a manipulação da opinião pública nas investigações da Lava Jato, fizemos Pedro Parente e sua arrogância saírem pelas portas do fundo. Não será um subordinado de um político conservador que irá desrespeitar os milhares de petroleiros e petroleiras dessa companhia. Quem já tentou isso no passado se deu mal.
[Via Sindipetro Unificado SP]