O Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador – Cesat – confirmou o vazamento de benzeno na Refinaria Landulpho Alves, que fica situada na cidade de Madre de Deus, na região metropolitana de Salvador. A informação foi revelada após uma vistoria criteriosa realizada na terça (17). Segundo Alexandre Jacobina, coordenador do Cesat, o vazamento pode ter sido causado pelas drenagens e por uma tentativa de descobrir um furo em uma tubulação.
Alexandre Jacobina conta que o 1 TPM (em um milhão de partes do ar é encontrado uma parte de benzeno) é limite para o qual o trabalhador pode ser exposto ao benzeno, contanto que esteja com a proteção adequada. “A tecnologia hoje disponível dá conta de você trabalhar com o limite de 1 TPM. Mesmo assim não é um limite considerado completamente seguro. Há risco de adquirir câncer. Não existe limite seguro do benzeno”, relata o coordenador. Segundo ele, a Cesat encontrou valores bem acima de 1 TPM na refinaria. “Em uma determinada ação encontraram até 22 TPM’s. Também foram encontrados dois trabalhadores fazendo escavação sem proteção respiratória”, diz Jacobina.
O coordenador da Cesat ainda informou que nesta quarta (18) será encaminhada uma notificação solicitando que a Petrobras realize medidas de controle ao vazamento de benzeno. O Cesat também vai acompanhar as situações de exposição e as medidas que serão adotadas pela empresa. “Um relatório também deve ser encaminhado ao Ministério Público”, afirma Alexandre Jacobina.
Benzeno dentro dos limites
A Petrobras afirma que as medições da presença de benzeno realizadas por técnicos do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat) confirmaram que não existe risco aos trabalhadores. Segundo nota enviada a imprensa, apenas em uma área isolada da unidade algumas medições registraram a presença de benzeno em valores que exigem a utilização de equipamentos de segurança. A empresa acrescenta que o acesso a essa área é feito exclusivamente após a autorização da Segurança Industrial e com o uso de equipamentos adequados.
“Os níveis de benzeno encontrados nesta área são pertinentes ao processo de liberação da unidade para parada de manutenção e não estão associados ao vazamento de nitrogênio com traços de hidrocarboneto e benzeno identificado na sexta feira, cujo sistema está inoperante e bloqueado”, diz a nota.
Na segunda (16), diretores do Sindipetro Bahia e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Candeias (Siticcan) se reuniram com representantes da Petrobrás para discutir a situação da refinaria.
Segundo o diretor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do Sindipetro, Deyvid Bacelar, os representantes da Petrobras afirmaram que estão tentando ao máximo evitar exposição do trabalhador sem equipamentos de proteção respiratória. “Mas a contaminação também está acontecendo pelo ar. Na verdade, o ambiente está contaminado”, relata Bacelar.
De acordo com Bacelar, o maior problema é a drenagem, que deveria ser feita por uma linha fechada e é feita hoje por um sistema aberto. “O sistema deles está danificado. Eles teriam que achar uma outra tecnologia para que a drenagem fosse feita da maneira correta”, diz o diretor do sindicato.
Denúncia
Deyvid Bacelar diz que visitou a área e constatou o vazamento no sábado (14). De acordo com o sindicalista, o serviço realizado no local já despertava a preocupação da categoria e, por isso, a Superintendência do Trabalho e Emprego de Camaçari (SRTE) foi acionada no dia 6 de junho, antes da identificação do vazamento.
“Já tínhamos receio da exposição das pessoas e avaliamos que as condições de trabalho e segurança no local são inadequadas”, pontua Bacelar, que afirmou ainda que a Petrobras deve emitir relatório técnico que será enviado ao Ministério Público do Trabalho.
O sindicato afirma que um técnico que trabalha na refinaria teria identificado o vazamento na sexta-feira (13), quando registrou a ocorrência em um Certificado de Inspeção de Segurança, documento interno da empresa. A exposição ao benzeno é tóxica ao organismo humano, podendo gerar problemas de saúde como a leucemia.