Centrais sindicais se reúnem com Lula, nesta quarta, em Brasília

A CUT prioriza redução dos juros e da jornada, investimento em políticas públicas e combate…

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A CUT prioriza redução dos juros e da jornada, investimento em políticas públicas e combate à alta rotatividade

As centrais sindicais se reúnem na manhã desta quarta-feira (8) com o presidente Lula, em Brasília, para debater os impactos negativos da crise internacional e medidas emergenciais em defesa do mercado interno, da garantia de emprego e renda. A CUT estará representada no encontro pelo presidente, Artur Henrique, e pelo secretário geral, Quintino Severo.  

"Temos uma pauta unificada que vem sendo construída coletivamente desde a Marcha a Brasília no final do ano. Agora, queremos ser ouvidos. O governo montou um gabinete de crise que só tem empresários e muita choradeira pela redução de impostos. Nós queremos uma política diferenciada para os setores mais afetados pela crise internacional, mas defendemos que deve estar subordinada ao fortalecimento do mercado interno, a contrapartidas sociais como a garantia de emprego e renda", declarou Artur.  Segundo o presidente, é preciso que representantes dos trabalhadores, empresários e governos se sentem à mesa, num diálogo social tripartite, emergencial, para formular e implementar ações que assegurem o desenvolvimento com garantia de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários.

Entre as prioridades da Central, ressaltou Quintino Severo, estão o corte na taxa básica  de juros e no elevado spread bancário, contrapartidas sociais para a liberação de recursos públicos a empresas em dificuldades e a redução da jornada de trabalho sem redução de salário. "Nós precisamos que a roda da economia gira para frente. Para isso, é fundamental garantir o emprego e o poder aquisitivo dos salários", frisou o secretário geral da CUT.

A Central considera que empresas beneficiadas com recursos públicos devem obrigação à sociedade. "Sendo assim, empresa que descumpre acordo de redução de impostos para manter emprego e passa a demitir, mais do que perder o benefício, precisa devolver o dinheiro. Não tem conversa", ressaltou Artur.

Artur condenou a alta rotatividade existente no mercado de trabalho brasileiro, frisando que "ao contrário do que alegam muitos empresários, é muito fácil demitir em nosso país". Comprovando a afirmação, ele citou os números de 2008, ano em que foram contratados 16,6 milhões de trabalhadores e demitidos 15,2 milhões. "Precisamos implementar urgentemente a Convenção 158 da OIT, que coíbe as dispensas imotivadas, pois o combate à alta rotatividade é um elemento central no debate. Necessitamos neste momento de regras claras, que coloquem obstáculos à demissão sem justa causa", acrescentou.

Na avaliação da CUT, é preciso que os bancos públicos como o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal dêem o exemplo, agilizando e desburocratizando a liberação de crédito, particularmente para as micros e pequenas empresas, responsáveis pela maior parte dos empregos gerados no país.

Importantes iniciativas vêm sendo tomadas para o enfrentamento da crise internacional, destacou Artur, citando a política de valorização do salário mínimo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Bolsa Família, o acordo com os servidores federais e a garantia de reajustes acima da inflação. "São medidas que além de ser respeitadas, necessitam de continuidade, pois fortalecem o nosso mercado interno, cada vez mais fundamental diante da retração do mercado externo", declarou Artur.

"Defendemos que o acordo com os servidores seja mantido, porque a valorização do serviço público é um elemento fundamental para que o Estado cumpra com o seu papel, garantindo qualidade no atendimento à população", concluiu Quintino.