[Por Railídia Carvalho, do Portal Vermelho]
Dirigentes das centrais de trabalhadores reuniram-se na tarde desta sexta-feira (28) diante do prédio do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), em São Paulo, para confirmar o êxito da greve geral que tomou o país contra as reformas trabalhista, da Previdência e contra a terceirização ilimitada. A greve parou o país e teve forte apoio da população.
‘‘A sociedade começa a se manifestar positivamente. Deixa claro o apoio e a solidariedade à greve quando questionada pela imprensa porque reconhece o movimento como legítimo e necessário. Reclama que as coisas do jeito que estão não podem ficar”, declarou Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Para ele, as reformas de Temer são um ensaio “que caminham para um tempo de trabalho análogo à escravidão em que trabalhador é desassistido de direitos basilares”.
Escolas, bancos e fábricas fortaleceram a greve geral em todo o país. Os serviços que não podem paralisar totalmente, como o setor de saúde, realizaram escalas de trabalho. É unânime entre os presidentes das centrais que a dobradinha movimento sindical e amplos setores da sociedade determinou o êxito da greve, que pressiona mais ainda o governo Temer e o Congresso Nacional.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) calcula que pelo menos 35 milhões de trabalhadores aderiram ao movimento. O setor de transporte foi um dos mais fortes ao paralisar capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba.
Na quarta-feira (26), a Câmara dos Deputados aprovou o texto do relator que trata da reforma trabalhista e inicia na terça-feira (2) o debate do relatório da reforma da Previdência Social. “O trabalhador organizado fez greve, quem não está empregado fez greve, a população apoiou e deu o recado de que quer se aposentar antes de morrer e que não concorda em rasgar a CLT(Consolidação das Leis do Trabalho)”, afirmou Vagner Freitas, presidente da CUT.
José Calixto, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), declarou: “A greve foi excepcional e até surpreendente em algumas pequenas cidades que aderiram. Foi uma resposta ao projeto do relator, que se mostrou pior do que o original”.
De acordo com o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a greve foi positiva e simbolizou uma demonstração política dos trabalhadores que, através dos seus sindicatos, repudiam as propostas do governo Temer. “Os trabalhadores demonstraram ao Temer que ou ele modifica a proposta ou teremos outro ato deste”, disse.
O presidente da União Geral de Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, afirmou que em caso de não haver mudanças as centrais devem preparar novos atos. “A ação foi muito forte. Muito maior do que o dia 15. Demonstrou que a unidade das centrais é pra resgastar direitos violados como projeto do deputado Rogério Marinho. O substitutivo violenta um processo de mais de cem anos tirando e flexibilizando direitos”, opinou Patah.
As centrais vão redobrar a pressão no Congresso Nacional. A proposta de reforma trabalhista, que altera 116 artigos da CLT, tramitará no Senado.
“As coisas que aconteceram na Câmara poderão não ter o mesmo eco no Senado portanto agora nós devemos nos voltar a pressionar os senadores, dialogar mais e melhor com os partidos e é o tempo que vamos consolidando esse movimento para construir uma frente ampla para viabilizar uma agenda que possibilite que o país saia desse cenário de instabilidade”, finalizou Adilson.