As organizações de trabalhadores da Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul nos unimos para lutar pela democracia em nossa região. Trinta anos depois as estratégias das forças conservadoras nacionais e estrangeiras para desestabilizar os governos populares são mais sofisticadas e penetram sutilmente em nossos povos para gerar um clima de mal-estar na cidadania.
Os governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Venezuela e Uruguai avançaram – ainda com acertos e erros – para a redução das desigualdades, o melhoramento do nível de vida dos setores populares, a soberania econômica e política frente aos grandes grupos hegemônicos e à governança global neoliberal. E esta é a fonte da verdadeira oposição que tem exacerbado aos poderes fáticos econômicos e políticos.
As tentativas de restauração neoliberal em nossos países já não registram intentonas militaristas senão que se disfarçam de golpes suaves através de estratégias conspirativas graduais capazes de promover a derrubada de governos legitimamente eleitos.
O primeiro antecedente desta nova estratégia global neoliberal foi o golpe de Estado contra o governo de Hugo Chávez em 2002, ao qual devemos acrescentar o golpe perpetrado em 2009 contra o presidente de Honduras Manuel Zelaya – con a anuência de todos os estados autodenominados democráticos e desenvolvidos-, a tentativa falida de golpe no Equador em 2010 disfarçada de rebelião policial e tentado novamente em 2011 na Argentina, a destituição do governo de Fernando Lugo no Paraguai com a cumplicidade do legislativo, e as tentativas de desestabilização do governo de Maduro, de Cristina Fernandez e Dilma Rousseff nos últimos dois anos.
As acusações comuns de corrupção, supostos ataques à liberdade de imprensa e de empresa, populismo totalitaristas, clima de ingovernabilidade e intrigas, mostram também cenários comuns de defesa do status quo liberal: sistemas judiciais paralisados grupos corporativos econômicos, poderes legislativos sem iniciativas políticas alternativas, que se expressam uma e outra vez nos meios massivos de comunicação produtores de verdades marcadas por interesses antipopulares e neoliberais. Manipulação psicológica, operações de imprensa, agressões econômicas, um poder desmedido de organizações privadas e financeiras, que fazem manobras em favor de produzir a derrubada da independência e do poder efetivo de Estados soberanos.
Os representantes da Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul reivindicamos a luta para alcançar uma democracia autêntica que defina a igualdade política, porém que também permita a eliminação de toda forma de discriminação, exclusão, desigualdade e aspire a fortalecer um enfoque de direitos, a distribuição das riquezas e o acesso universal aos direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais.
Os sindicatos do MERCOSUL temos sido participantes de acionar os meios de Comunicação dedicados a macular a toda a cidadania com uma retórica contrária à integração regional, inclinada ao livre comércio e a uma enunciada liberdade de mercado e abertura ao mundo. Os ataques contínuos ao MERCOSUL calaram fundo em uma grande parte dos cidadãos de nossos países que se expressam desdenhando o processo de integração e na falsa consciência segundo a qual o MERCOSUL tem sido um produto falido e prejudicial para nossas nações.
A concentração dos meios de comunicação tem aprofundado o cerco informativo e impede às mulheres e homens de exercer o verdadeiro domínio democrático no que se refere à liberdade de expressão mais plena. Em nome desta liberdade, os grupos privados têm potencializado sua capacidade de pôr em xeque as instituições políticas e sociais e subvertem a democracia e a vontade de nossos povos de mudar seus destinos e conquistar a justiça social.
Este diagnóstico sentido e compartilhado pelos trabalhadores e trabalhadoras do Cone Sul nos exorta a lutar por uma verdadeira democracia na Comunicação e exigimos a sanção e cumprimento das leis de desconcentração dos capitais dos meios de comunicação, a limitação e penalidade vinculantes ante as tentativas de monopólio e oligopólio midiático e a abertura de fontes alternativas de comunicação para as organizações sociais, educativas, sindicais, comunitárias, etc.
Reivindicamos a capacidade soberana de nossos Estados frente a todos as tentativas da governança econômica global para “disciplinar” a nossas nações, rechaçamos as políticas neoliberais, – de ajuste e austeridade, entre outras -, que somente ampliam as desigualdades e condenam os povos à pobreza e a perda de toda autonomia que é a causa do debilitamento e deslegitimação da democracia.
Sustentamos a necessidade de aprofundar as transformações econômicas e políticas, que vão desde a reforma educativa e laboral no Chile como nas políticas de memória e justiça em todos os nossos países. Demandamos uma política mais eficaz do MERCOSUL e da UNASUL para conquistar a justiça social, a igualdade e o desenvolvimento sustentável na América do Sul.
Somos conscientes que a luta pela democracia segue tão vigente como a trinta anos e que, como classe trabalhadora, resistiremos a todo tipo de embate destes poderes fáticos contra nossos governos, porém, acima de tudo, defenderemos categoricamente a ampliação de direitos civis, políticos, sociais e econômicos que temos alcançado nestas três décadas de democracia progressista.
CGTRA – Argentina
CTA Autônoma – Argentina
CTA dos Trabalhadores – Argentina
CUT – Brasil
UGT – Brasil
Força Sindical – Brasil
CTB – Brasil
CUT – Chile
CAT – Chile
CUT – Paraguai
CNT- Paraguai
CUT Autêntica – Paraguai
PIT – CNT – Uruguai
CTV – Venezuela
CBST – Venezuela
UNETE – Venezuela
Fonte: CUT