Em coletiva à imprensa nesta quinta-feira, CUT, CGTB, CTB, Força Sindical, UGT, Intersindical…
Em coletiva à imprensa nesta quinta-feira, CUT, CGTB, CTB, Força Sindical, UGT, Intersindical e MST falaram sobre a mobilização na capital paulista, onde estão localizadas as direções nacionais das entidades. A concentração começa pela manhã, às 10 horas, na Praça Oswaldo Cruz, de onde os manifestantes saem em passeata pela avenida Paulista até o Masp, com paradas em frente à sede da Petrobrás e da Fiesp.
Artur Henrique, presidente da CUT, destacou a unidade das centrais e dos movimentos sociais como uma característica marcante da mobilização de amanhã. "Teremos um segundo semestre de muitos desafios. Sabemos que o enfrentamento da crise passa pelo fortalecimento do mercado interno, e para isso vamos continuar demonstrando que estamos mobilizados contra as demissões". Apontou como prioridades dessa luta a redução da jornada de trabalho, a aprovação de uma legislação que coíba as demissões sem justa causa, o fim do fator previdenciário e o aumento real das aposentadorias acima de um salário mínimo.
Artur também defendeu a necessidade de uma nova lei do petróleo e um novo modelo agrário como essenciais para o Brasil iniciar um processo de desenvolvimento com soberania. "Estamos realizando uma grande campanha pelo fim dos leilões do petróleo. Não dá para ter multinacionais envolvidas na exploração e comercialização, ainda mais depois da descoberta da camada pré-sal. Devemos lembrar também que, apesar de alguns avanços, é preciso uma mudança profunda no modelo agrário, com aceleração da reforma agrária, a aprovação da PEC contra o trabalho escravo e o estabelecimento de um limite de tamanho para propriedades privadas no campo", disse.
"Como somos do campo, saímos antes e já estamos aguardando os companheiros e companheiras em 12 capitais", declarou João Pedro Stédile, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). Ontem, caravanas de trabalhadores sem-terra já estavam na capital paulista e fazima mobilização em frente ao Palácio dos Bandeirantes, para pressionar o governo Serra a implementar a reforma agrária no Pontal do Paranapanema e outras regiões do Estado.
"Essa mobilização unitária tem um caráter pedagógico de massas, levando as pessoas a discutir e refletir sobre o momento de grave crise do modo capitalista de organização e produção". Para Stédile, é o momento apropriado para o governo "zerar o superávit primário, pois não há sentido nenhum em continuar alimentando a especulação, com a população passando por tantas necessidades". Além da redução dos juros e do controle dos capitais financeiros, o dirigente do MST quer ações de Estado mais ativas na proteção da economia brasileira, com medidas concretas para defender a soberania nacional contra os especuladores. Elogiando a iniciativa do governo brasileiro de retirar o dólar do comércio bilateral com a Argentina, o líder do MST defendeu maior integração com a Unasul, com a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) e com o Banco do Sul, como contraponto às imposições do Banco Mundial.
O secretário geral da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Carlos Alberto Pereira, resgatou a trajetória de luta do movimento sindical contra a tentativa das multinacionais de tirarem proveito da crise internacional às custas do emprego, dos salários e direitos e salários dos trabalhadores. "Pressionamos e conseguimos iniciar um processo de redução dos juros e do superávit primário. Se hoje os efeitos da crise não são maiores, foi graças à nossa ação". Para Pereira, "a defesa da Petrobrás e do pré-sal, uma das maiores reservas de petróleo do mundo, é uma prioridade", pois aponta, no curto prazo, para a superação de mazelas que vitimam expressiva parcela da sociedade brasileira. "O pré-sal é um bilhete premiado e a Petrobrás é quem detém a tecnologia para a sua exploração para os brasileiros. Precisamos deste recurso para o nosso desenvolvimento soberano", destacou.
Conforme o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), a unidade de ação das centrais sindicais, com experiências vitoriosas como as Marchas a Brasília pela valorização do salário mínimo, "contribui para a unificação do movimento popular e estudantil, pressionando em favor de uma pauta social e por mudanças na legislação e na política econômica".
O presidente da Força e deputado federal Paulo Pereira da Silva (Paulinho), lembrou que a redução da jornada de trabalho só ocorreu duas vezes na história do Brasil, "uma em 1943 e outra em 1988", o que dá a dimensão da complexidade do tema e dos interesses contrariados. "Precisamos estar mobilizados porque os parlamentares vão ficar entre os que pagam a campanha e os que votam". Para a aprovação da redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário e o aumento da hora extra para 75%, lembrou Paulinho, serão necessários os votos de 309 deputados, em dois turnos. Posteriormente, a medida precisará ainda ser aprovada pelo Senado.
Representando a União Geral dos Trabalhadores (UGT), Canindé Pegado afirmou que "a redução da jornada é o carro chefe da mobilização" e que a Jornada Nacional Unificada de Luta é um "ótimo exemplo" para o Brasil, pois demonstra que, somando forças, se avança e as mudanças ocorrem mais rápido.
O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nivaldo Santana, acredita que a coesão construída na luta "é fundamental para a superação da crise atual do capitalismo, combatendo seus impactos sobre os trabalhadores e o povo". "Defendemos um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e da renda, uma plataforma única de enfrentamento com o capital. Em 2010 teremos dois projetos antagônicos em disputa e, para vencermos, será decisiva a manutenção desta unidade", acrescentou.
Em nome da Intersindical, Pedro Paulo fez uma saudação aos trabalhadores em greve na Fundação Padre Anchieta/ TV Cultura de São Paulo, e à memória da companheira Maria Cícera, do MST, que morreu atropelada na Anhanguera quando se dirigia à capital paulista, nesta semana. "A mística revolucionária do MST nos contagia e inspira para seguir lutando pela redução da jornada, contra a retirada de direitos e redução de salários. Com esta unidade, a luta ganha oxigênio", frisou.
O líder petroleiro Antonio Carlos Spis, da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), e Rosane Silva, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, também acompanharam a coletiva.