Os petroleiros afirmaram mais uma vez, na reunião com a empresa realizada nesta quinta-feira (05), que com redução de direitos não tem acordo. A Federação Única dos Petroleiros apresentou o resultado das assembleias realizadas pelos Sindicatos filiados, onde a categoria rejeitou, quase que por unanimidade, a proposta que desmonta o ACT, construído com muita luta pelos Petroleiros.
A proposta apresentada deixa claro que o desmonte proposto pela atual gestão da empresa é movido por interesses ideológicos. “A primeira estratégia desta gestão foi tentar justificar a privatização usando a desculpa da ‘roubalheira’. A outra estratégia é tentar esconder o pré-sal, fazendo de conta que a empresa não tem esse ativo bilionário”, afirmou o coordenador da FUP, José Maria Rangel.
De acordo com estudo realizado pelo DIEESE, não existe motivo econômico para que a empresa reduza direitos. Os motivos são meramente político. A Petrobrás tem hoje uma produção de petróleo superior a de outras grandes petroleiras, como a British Petroleum, a Total e a Statoil. Comparativamente com essas empresas, a Petrobrás registrou entre os anos de 2014 e de 2016 uma queda nas receitas de vendas menor do que a da BP e a da Statoil. Além de uma redução das despesas operacionais maior do que a das outras três petroleiras. No entanto, nesse mesmo período, a Petrobrás foi a empresa que mais reduziu despesas com salários. A Total reduziu os gastos com salários em 15%; a BP, em 21%; a Statoil, em 30,3% e a Petrobrás em 33%.
“Temos que continuar firmes, dizendo que com redução de direito não tem acordo coletivo. Participando massivamente das assembleias e mobilizações dos sindicatos”, afirmou Zé Maria. O acordo coletivo vai ter o tamanho da luta da categoria petroleira.
A política de SMS da Petrobrás mata e não previne
Negligência e fraude. Essas foram as palavras mais utilizadas pelos diretores da FUP ao criticarem a política de SMS da Petrobrás e as práticas dos gestores, que têm levado os trabalhadores à morte.
A FUP tornou a denunciar os casos de acidentes com afastamento que a Petrobrás tem subnotificado em diversas unidades. Foram relatados casos da Bacia de Campos e da REDUC, como exemplos de uma política de SMS que tem por foco a subnotificação de acidentes e medidas punitivas que visam eximir os gestores de suas responsabilidades.
Os gerentes da Petrobrás deixaram claro que o Sistema de Consequência tem como objetivo penalizar o trabalhador. Já que a prática do assédio que ocorre diariamente na empresa é institucionalizada. A empresa é ineficiente para educar, treinar e qualificar os trabalhadores para prevenir acidentes, mas não para punir. “A tática é culpar os trabalhadores, mas deixar impunes os gestores. Os códigos de conduta, de ética, as regras de ouro, tudo isso é para culpar o trabalhador”, afirmou o coordenador da FUP. Ele criticou o fato da empresa continuar tratando a política de SMS como se fosse exclusiva da gestão, negando qualquer participação dos trabalhadores. “Essa política construída de cima pra baixo faz com que os gestores continuem subnotificando acidentes e preferindo punir a consequência a identificar e corrigir a causa”, destacou Zé Maria, avisando que as representações sindicais continuarão disputando o SMS com a empresa.