A categoria petroleira inicia, hoje, mais uma greve que entrará para a história do movimento sindical. Diferente de outros momentos quando nossas reivindicações eram corporativas, entraremos em greve porque queremos legitimamente DISCUTIR OS RUMOS DA NOSSA EMPRESA E DO BRASIL!
A Pauta pelo Brasil nasceu de uma reunião entre a FUP e o Presidente Bendine, realizada em 19 junho de 2015, quando os rumores de que o PNG 2015-2019 estaria recheado com cortes de investimentos e venda de importantes ativos. Durante a reunião, a Federação demonstrou ao Presidente as preocupações e também a disposição em colaborar com sugestões ao referido PNG. Tivemos na reunião citada, o sinal verde para enviar nossas propostas mesmo sem qualquer compromisso em acatá-las.
Com a ajuda das assessorias da Federação, elaboramos a Pauta pelo Brasil e, através do nosso Representante no CA, Deyvid Bacellar, entregamos ao Conselho de Administração em 26 junho de 2015. Em seguida aprovamos, junto aos trabalhadores, nossa Pauta na V PLENAFUP e encaminhamos a direção da Petrobrás em 07 julho 2015.
Entregamos à Presidenta Dilma Rousseff a nossa pauta, durante o encontro com os movimentos sociais, realizado no dia 13 de agosto.
A FUP sempre quis negociar a sua Pauta, já a Petrobrás…
Aí começa o jogo de palavras!
Em todos os documentos emitidos pela empresa, tanto para a categoria como para o MPT, a Companhia se coloca como vítima e pronta a negociar. Será?
Em quase cem dias a Petrobrás não emitiu qualquer ruído, em um estado de hibernação que contraria a lógica, uma vez que, se há o desejo de negociar, qual o motivo de se manter em silêncio por tanto tempo? Quem deseja negociar, desconsidera solenemente os fóruns da categoria? Quem está aberta a negociar, mente como a empresa está fazendo? Quem quer negociar atropela as leis como a Petrobrás está fazendo?
Afirmamos, no primeiro ítem da nossa Pauta, que só iriamos iniciar o processo de negociação do ACT, após esgotadas as discussões da Pauta pelo Brasil. Notem que colocamos, ESGOTADAS AS DISCUSSÕES, em momento algum colocamos atendimento as nossas propostas. Em um claro desrespeito às entidades sindicais, a empresa apresenta sua proposta para pactuação de ACT recheada de maldades.
Caminhando pela Pauta pelo Brasil, chegamos a discussão de efetivo. Aproximadamente 6.000 trabalhadores (as) deixaram a empresa pelo PIDV e até agora nada de reposição. Já realizamos várias reuniões com a Petrobrás cobrando dela o cumprimento da NR-20, onde ela tem que apresentar para os sindicatos o efetivo de segurança para Refinarias e Terminais, bem como chegou a tal dimensionamento. Finge não ser como ela, mas está disposta a negociar lembram?
Estamos com 19 mortes no ano de 2015, sendo que a tragédia no FPSO Cidade de São Mateus saltou aos olhos pelo fato inédito que um Cipista eleito resolveu falar sobre os desmandos da Empresa BW Off Shore no trato com a segurança. O que faz a Petrobrás? Em seu relatório da comissão que apurou a tragédia, ignorou solenemente o relato do Cipista e ainda fez elogios a política de SMS da Empresa, essa é a maior demonstração de falta de compromisso e descaso com a segurança e a vida do maior capital que a empresa possui, qual seja, o capital humano, composto por todos os trabalhadores, primeirizados ou terceirizados. Todas propostas feitas pela Federação para mudar de verdade a Política de SMS da Empresa são desconsideradas. E mesmo assim, a Petrobrás quer negociar?
Vender em um momento que todas as operadoras no mundo oferecem algo em torno de U$$ 1 trilhão de ativos, é algo impensável, desfazer a lógica de Empresa integrada, não incorporar a Fábrica de Fertilizantes e Nitrogenados Araucária, não concluir as obras que estão quase no seu final, reduzir em 40% os investimentos nos próximos quatro anos, que podem gerar a extinção de 20 milhões de empregos até 2019, são outras perversidades do atual PNG.
Reduzir custos nas costas dos trabalhadores é covardia, vários chefes de família já foram demitidos e o andar de cima assiste a tudo impassível. Não seria mais justo combater os desperdícios? Porque não fazem? Como certeza irão encontrar vários Gerentes que gastaram como não houvesse amanhã e agora buscam desviar o foco para cima dos trabalhadores.
Quando é instada a se posicionar sobre o Pré-Sal, a gestão com um discurso ensaiado responde: Cumpro a Lei.
E a lei de greve, porque não cumpre? E a NR-20 porque não cumpre? E a decisão proferida na ACPU 0000891-59.20122.5.01.0203 porque não cumpre?
Depois de todos os fatos expostos, quem de fato sempre esteve aberto à negociação? A FUP ou a Petrobrás?
Demitir trabalhadores terceirizados, reduzir direitos, arrochar salários, proteger gerentes que descumprem o Código de Ética, redução do tamanho e importância da empresa é o que está no horizonte e, se você, Petroleiro (a) ainda não entendeu. Se você quer lutar contra tudo isso, puxe para o lado certo e vamos a GREVE!
“A única luta que se perde é aquela que se abandona”
Pepe Mujica
Fonte: FUP