Diap: Câmara renova 44% dos assentos, mas segue conservadora na política e ‘neoliberal’ na economia

Foto: MARCELLO CASAL JR / AGÊNCIA BRASIL

Mesmo com a maioria parlamentar ligada à direita, estudo aponta que houve crescimento da bancada considerada mais progressista, com “vitórias importantes” entre a esquerda e a centro-esquerda

[Com Rede Brasil Atual e CUT]

As eleições legislativas de domingo (2) resultaram na “renovação” de 44% do total de 513 deputados que compõem a Câmara, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). O percentual foi um pouco abaixo de 2018 (46,58%), mas próximo da média histórica das seis últimas eleições, lembra o instituto. Por outro lado, foram reeleitos 287 deputados, de um total de 446 que tentavam se manter na Câmara.

Ao mesmo tempo, o Diap observa que o número de novos deputados (226) é relativo, porque alguns estão retornando à Casa. Além de o grupo ter nomes já conhecidos do mundo político, no que a entidade chama de “circulação do poder”.

As entradas e saídas de deputados confirmam o prognóstico em relação ao perfil do futuro Congresso, que o Diap identifica como “mais ideológico à direita, conservador, quanto à agenda dos costumes, e neoliberal, que entende que o papel do Estado deve ser mínimo em relação à economia”. Segundo a análise, devem crescer as bancadas ruralista, evangélica e da área de segurança, o que inclui a chamada bancada da bala.

Apesar de uma configuração da Câmara que hoje seria ainda mais favorável ao atual presidente, Jair Bolsonaro, o Diap também aponta “vitórias importantes” entre a esquerda e a centro-esquerda. Houve aumento dessas bancadas. Além disso, “chegam parlamentares campeões de votos que representam minorias como ocorreu para São Paulo e Rio de Janeiro, dentre outros aspectos importantes Brasil afora”.

“Enorme poder”

Outro aspecto destacado na análise foi a prioridade à Câmara dada por governadores. Isso por entenderem “que o Congresso Nacional detém enorme poder em relação ao Orçamento, em especial, em função das emendas individuais, de bancadas e de relator, que permitem ampliar investimentos nos estados”.

O Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, subiu de 76 para 99 deputados. E a federação composta por PT, PCdoB e PV aumentou de 68 para 79. O bloco PSDB/Cidadania encolheu: de 29 para 18. E o PSB, de 24 para 14. Já Psol/Rede cresceu de 10 para 14.

O que esperar deles?

Apesar da maioria do novo Congresso Nacional defender pautas mais conservadoras, reportagem da Folha mostra que Lula eleito num segundo turno, tem chances de governabilidade, já que tem a seu favor 222 deputados, na soma com os demais partidos progressistas.

Segundo a Folha, a coligação pró-Lula (PT, PC DO B, PV, PSOL, Rede, PSB, PROS, Avante, Solidariedade e Agir) tem 120 parlamentares; os com tendência pró-Lula (PSD, MDB e PDT) somam 102, totalizando 222 parlamentares.

A oposição, que não faz parte da Federação do PT, manteve praticamente o mesmo tamanho. O MDB cresceu (de 37 para 42); O PSB perdeu 10 cadeiras (de 24 para 14) e o PSDB perdeu nove de seus 22 parlamentares, caindo para 13.

Por outro lado, o chamado “centrão” estagnou por perder 18 cadeiras na Câmara: PP do atual presidente da Casa, Arthur Lira; dos Republicanos de Marcos Pereira; do PTB de Roberto Jefferson e do PSC do Pastor Everaldo. Entre esses, o PP perdeu mais deputados, de 58 foi para 47 – queda de 11 cadeiras.

Os partidos pró-Bolsonaro (PTB, PSC e Patriota) tem 16 cadeiras. Sua coligação (PL, Republicanos e PP) tem 178 deputados, totalizando 194 – 28 a menos do que os pró-Lula.

Para ter maioria precisaria do apoio de partidos que não têm raiz” bolsonarista” e isto pode ser feito, ao contar com parlamentares de partidos que não se identificam com a extrema direita.

Os partidos que não têm, segundo o jornal, uma tendência nem para Lula, nem Bolsonaro são: União Brasil, PSDB, Cidadania, PMN, DC, Podemos, PRTB, Novo, UP, PSTU, PCB, PCO, PMB. Juntos eles somam 97 deputados federais. O total de parlamentares na Câmara Federal é de 513.

Senado Federal

O PT elegeu 4 senadores, entre eles os ex-governadores Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI), além de contar com o apoio do ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), que também irá para o Senado.

Mais cinco candidatos do PL foram eleitos ao Senado subindo sua bancada para 14.  O Republicanos, da coligação de Bolsonaro, também ganhou mais duas cadeiras, indo de 1 para 3 senadores. PP (-1) e PTB (-2) tiveram queda.

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