Cabiúnas: serenidade e reflexão







Minorias divisionistas estão querendo aproveitar a decisão do Sindipetro-NF de não assinar o acordo da PLR da Transpetro, presente na região na base de Cabiúnas, para fazer palanque eleitoral. Diferentemente, se norteasse as suas ações pensando em eleições, o sindicato assinaria o acordo e faria de conta que a base não rejeitou a proposta. Mas é preciso ser coerente.

Como pode agora uma base se rebelar contra a não assinatura do acordo se esta mesma base rejeitou a proposta? Quer dizer então que esta base quer a PLR que rejeitou? Esta rejeição então não era para valer?

O Sindipetro-NF tomou esta decisão para chamar a atenção da base para a responsabilidade que deve ter. É preciso participar mais das assembleias e, nelas, tomar decisões que possam ser sustentadas no futuro. O sindicato não quer dizer, com isso, que seus indicativos devem necessariamente ser aprovados. O que o NF defende é que, qualquer que seja a decisão da base, que ela possa encará-la tendo em mente as suas consequencias reais.
 

Não raras vezes bases petroleiras na região tomaram decisões em assembleias contrárias ao indicativo do sindicato, o que é mostra democrática de posicionamento livre em relação aos temas tratados. E em todas as vezes em que isso ocorreu, a entidade encaminhou a questão envolvida, respeitando a decisão tomada pela categoria.

Há tempos a base de Cabiúnas reclama que tem pouco peso nas decisões na região, que quando os temas chegam em suas assembleias já estão definidos por assembleias anteriores, que acabam por ter que realizar assembleias que não podem alterar o resultado geral da região. E agora, quando o sindicato decide — já que a diferença formal entre as empresas assim o permite — fazer o que determinaram as assembleias de Cabiúnas sobre a PLR, a categoria, ou parte dela, reclama.

Este episódio deve servir para que os trabalhores reflitam sobre o modo como podem ser alvo de uma tentativa de manipulação por uma minoria palanqueira, que não tem responsabilidade com a categoria e se utiliza de toda oportunidade para marcar posição contrária a qualquer assunto encaminhado pela FUP e pelo NF, mesmo quando envolve conquistas.
 

Em vários outros momentos, para não prejudicar a categoria, mesmo aquela formada pela grande parcela que sequer vai às assembleias, o Sindipetro-NF considerou o resultado global das assembleias na região, somando os resultados de todas as bases. Se não agisse assim, esta base poderia estar sem Acordo Coletivo 2009 até hoje, já que também votou de modo contrário à sua assinatura no ano passado.

E registre-se que Cabiúnas rejeitou, na Campanha de 2009, o estabelecimento da defesa da Lei do Petróleo como prioridade, proposta que prevê, entre outros ítens, a retomada da fusão entre Transpetro e Petrobrás. E rejeitou também, ao final, a proposta de ACT conquistada pela categoria, que garantiu, entre outros fatores, o aumento de 27 minutos para 35 minutos no tempo de passagem de turno — mesmo tendo sido o Tecab a única base que conseguiu essa mudança neste acordo. 

Antes, em 2004, toda a categoria aguardou a assinatura de um acordo, mesmo depois de ser aprovado pelas demais bases, para que fosse garantido o avanço do tempo de 20 minutos para 27 minutos na passagem de turno em Cabiúnas. Acordo e avanço que, também, haviam sido rejeitados pelo Tecab.

Independentemente disso, o sindicato, como não poderia deixar de ser, mantém o encaminhamento de várias lutas importantes na Transpetro em geral e na base de Cabiúnas em particular, como nas pressões por segurança e contra a praga do assédio moral na unidade. Nesta semana mesmo foi obtida a vitória da implantação do Plano Petros 2 na empresa.

Mas é preciso separar razão da emoção. Como instituição, o sindicato precisa encaminhar as questões de modo racional e coerente. E, se a maioria da categoria na base está insatisfeita com a decisão das assembleias no Terminal sobre a PLR, há previsão estatutária sobre como revertê-la, por meio da reivindicação, ao NF, de realização de novas assembleias, com documento assinado por pelo menos 20% dos sindicalizados da unidade. Qualquer caminho fora desse só pode ser aventado por quem quer fazer proselitismo eleitoral com o caso.

O sindicato está seguro de que este impasse será superado, se os petroleiros da base assim desejarem, com a serenidade de uma categoria democrática, experiente e organizada.