CA da Petrobrás não se curva ao mercado

José Maria Rangel é coordenador do Sindipetro NF, diretor da FUP e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás

Durante semanas os veículos de comunicação do país, demonstraram uma preocupação contagiante com a Petrobrás. Só para os desavisados. O debate sobre o reajuste dos combustíveis e uma metodologia de precificação para os derivados tomou as páginas de jornal e o tempo de rádios e telejornais.

Qual o verdadeiro interesse dos inimigos da maior empresa do país no reajuste dos combustíveis? Na nossa visão queriam utilizar a Petrobrás para alimentar a inflação, aumentar os juros, fazer os especuladores ganhar cada vez mais, indexar a economia e no final das contas quem pagaria esta conta seriam os trabalhadores. Matemática simples, maior inflação = menor salário.

O controle da inflação ainda é algo muito recente na história do nosso país, a classe trabalhadora conquistou isso a duras penas e ainda temos péssimas lembranças de um tempo em que tudo era reajustado diariamente corroendo o nosso salário.

Reafirmamos na reunião do Conselho de Administração do último dia 29-11, que a política de reajustes de preços dos combustíveis, deve ser uma política de Estado e não de mercado.

Como esquecer que durante a grande crise mundial de 2008-2009, quando o todo poderoso “mercado” não oferecia crédito para ninguém, foi o governo federal através da CEF, BB e BNDES que financiou os investimentos da Petrobrás? Portanto não podemos simplesmente reajustar os combustíveis sem compromisso de como isso vai rebater na vida das pessoas, com a irresponsabilidade que quer o “mercado”.

A partir de agora a Petrobrás passa a ter uma metodologia de precificação dos combustíveis, que levará em consideração os seguintes aspectos:

a) Assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem retornem aos limites estabelecidos no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 em até 24 meses, considerando o crescimento da produção de petróleo e a aplicação desta política de preços de diesel e gasolina;

b) Alcançar, em prazo compatível, a convergência dos preços no Brasil com as referências internacionais;

c) Não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico.

Foi recomendado ainda pelo Conselho de Administração, por razões comerciais, que os parâmetros da metodologia de precificação fiquem estritamente internos à Companhia.

Caberá ao Conselho de Administração avaliar a eficácia da política de preços da Petrobras por meio da evolução dos indicadores de endividamento e alavancagem da Companhia.