Replan se compromete a cumprir decisão judicial sobre O&M

Por decisão da Justiça, a Replan está colocando um operador nos painéis de destilação, Craqueamento e ETA

[Da imprensa do Sindipetro Unificado]

Na onda privatista que tomou conta da Petrobrás após o golpe contra Dilma Rousseff em 2016, a marca da gestão da Petrobrás foi não só a entrega dos ativos mas também uma permanente hostilidade com os trabalhadores e trabalhadoras. A falta de diálogo e a dura ofensiva contra os sindicatos permitiu que a gestão aprovasse várias medidas que retiraram direitos conquistados pela categoria e que não foram discutidas com a representação dos trabalhadores. A Refinaria de Paulínia (Replan) não foi a exceção.

Redução de pessoal

Em 2017, a Replan a implementou o chamado estudo de Organização e Métodos, conhecido como O&M, que segundo a gestão da empresa à época, tinha como objetivo “adequar” o efetivo. Mas no fundo, o objetivo era, como o Sindipetro Unificado denunciou desde o começo, reduzir o número de postos de trabalho da Replan. Sem diálogo com a categoria, e baseada numa metodologia questionada pelo sindicato, a gestão tirou 54 operadores.

O O&M detalhava todas as tarefas realizadas pelos operadores, mapeava o tempo em que estes desenvolviam suas tarefas, e com base nisso calculavam o número de operadores que acreditavam necessitar para o correto funcionamento da refinaria. Com esses insumos, a gestão tentou e conseguiu reduzir o pessoal.

Em resposta à ação judicial do Sindipetro Unificado, que questionou a implementação do O&M, a Justiça encomendou várias perícias na refinaria. Com base nisso, a decisão da justiça, emitida no dia 25 de julho de 2023, foi no sentido de instalar simuladores de processo em todas as áreas, assim como também o acréscimo de três postos; um operador de Painel na Unidade de Destilação (PR/DE); um operador de Painel na Unidade de Craqueamento Catalítico (PR/CCF) e um operador de Painel na Unidade de Utilidades (UT/ETA).

Operadores híbridos

No caso da ETA, uma unidade vital da refinaria, a empresa tentou aproveitar a decisão judicial para colocar esse operador para operar o painel da ETA e concomitante ao painel da unidade elétrica. Esse formato de “operadores híbridos”, faz com que trabalhadores assumam diferentes unidades ao mesmo tempo: vapor, elétrica e ETA. Anteriormente, a empresa emplacou a meta obrigatória de treinar novas unidades no Gerenciamento de Desempenho (GD) para todos os operadores.

Na avaliação do Sindicato, o GD é uma ferramenta abertamente subjetiva, que gera pressão para atingir as metas, o que pula etapas no desenvolvimento profissional dos trabalhadores e coloca em risco a segurança da refinaria.

A negociação

Entre os meses de julho e agosto, o Sindipetro Unificado realizou duas rodadas de setoriais com os operadores do setor de utilidades, para debater treinamento, certificação, efetivo, GD e ambiência. Em paralelo, o Sindicato abriu uma negociação sobre os pontos que estavam sendo debatidos, com a gestão da refinaria, que se mostrou solícita.

Mas nesse processo houve uma ausência gritante: o RH da empresa. Na avaliação do sindicato, “causa espanto” que dita estrutura de gestão não tenha contribuído no avanço do diálogo, não tenha feito o balanço de efetivo das unidades que compõem o setor de utilidades, não tenha contribuído na elaboração nem na aplicação das avaliações fornecidas pelo setor,  e tenha omitindo o acompanhamento pessoal e profissional dos trabalhadores transferidos.

CONFIRA OS PONTOS ACORDADOS COM A EMPRESA PARA O SETOR DE UTILIDADES:

I – TREINAMENTOS:

1 – Suspensão de todos os treinamentos.

2 – Desenvolver nova metodologia de treinamento com a participação dos trabalhadores e com acompanhamento do Sindipetro.

2.1 – Objetivar treinador e treinando com dedicação exclusiva.

2.2 – Estabelecer tempo mínimo de residência no posto treinado após certificação.

3 – Retirada da meta obrigatória de treinamento de novas unidades do GD.

3.1 – Após a implementação da nova metodologia de treinamento as metas do GD serão renegociadas para todos. E a inclusão de metas de treinamento de novas unidades no GD será opcional.

II – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

1 – Implementação imediata do posto de painel na Unidade ETA.

2 – Não implantação do operador híbrido de painel das unidades ETA/Elétrica.

3 – Limitação do teletrabalho dos postos Opman/GPI.

4 – Redefinição e/ou divulgação das atribuições inerentes aos postos: Opman, GPI e Op turno, nas unidades ETA, elétrica e vapor.

III – EFETIVO

1 – Retorno dos painéis das unidades ETA, elétrica e Vapor para a CCI.

2 – Readequação se necessário das tarefas dos postos com vistas ao retorno da CCI.

3 – Buscar viabilizar um posto na unidade de elétrica.