Às vésperas de completar um ano do acidente com o navio-plataforma Cidade de São Mateus, que matou nove petroleiros, feriu 26 e deixou 39 traumatizados, a BW Offshore acaba de propor um Plano de Demissão Voluntária Incentivada (PDVI) para a equipe que atuava no FPSO. Segundo os trabalhadores, os que aderirem ao plano terão que se comprometer a abrir mão de todos os seus direitos. Ou seja, o que a empresa quer é se livrar das responsabilidades com as vítimas da explosão, ocorrida no dia 11 de fevereiro de 2015, no litoral do Espírito Santo.
Na época, aBW emitiu 35 CATs, referentes aos mortos e feridos, mas desprezou completamente os impactos que a explosão causou nos outros 39 trabalhadores que estavam a bordo da embarcação e que até hoje sofrem as consequências do acidente. Em dezembro, a Polícia Federal indiciou o gerente da plataforma, por homicídio doloso e lesão corporal grave, e a ANP divulgou o relatório da investigação que fez, responsabilizando também a Petrobrás pelo acidente.
Segundo a Agência, 28 itens do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional foram descumpridos durante o período em que a multinacional prestou serviços para a estatal e a principal causa da explosão foi a estocagem inadequada de condensado, que era feita com a conivência da Petrobrás, apesar de não estar prevista no contrato. O relatório não deixa dúvidas sobre a responsabilidade dos gestores no acidente: “decisões gerenciais tomadas pela Petrobrás e BW Offshore, ao longo do ciclo de vida do FPSO Cidade de São Mateus, introduziram riscos que criaram as condições necessárias para a ocorrência deste acidente maior”, aponta a ANP, na página 13 do documento.
Vazamento na P-31 quase repete tragédia do ES
Apesar de centenas de trabalhadores terem perdido a vida nos últimos anos e outros milhares terem se acidentado e adoecido gravemente em decorrência da insegurança crônica nas unidades do Sistema Petrobrás, os gestores da empresa nada aprendem com as tragédias anunciadas. No último dia 19, petroleiros da P-31, na Bacia de Campos, viveram momentos de apreensão durante um vazamento de gás na casa de bombas, que muito se assemelhou ao que aconteceu em fevereiro do ano passado, na FPSO Cidade de São Mateus.
Os gestores da Petrobrás, como sempre, tentaram minimizar a gravidade da ocorrência, alegando que o alarme foi disparado pelo vazamento da água oleosa e não de gás, o que foi desmentido pelos trabalhadores a bordo. Segundo eles, havia cheiro de gás dentro do casario, onde os sensores acusavam concentração de 100%. Uma semana antes, os alarmes de presença de gás já haviam sido ativados na mesma unidade.
Fonte: FUP