Governo do direitista Daniel Noboa tenta demitir sindicalista para impedir que assuma a direção do Comitê de Negociação coletiva com Petroecuador, cargo para o qual resultou eleito
[Da Comunicação da FUP]
A perseguição aos petroleiros e petroleiras não é algo exclusivo do Brasil. No Equador, o dirigente sindical David Almeida, secretário geral da Associação Nacional de Trabalhadores da Energia e do Petróleo (ANTEP), está sofrendo um processo de perseguição político-judicial que busca amedrontá-lo e afastá-lo da liderança dos petroleiros e petroleiras.
No dia 12 de setembro, funcionários da Petroecuador, chegaram à sua residência com a Polícia Nacional, para notificá-lo de que é objeto de um processo disciplinar, que tem como objetivo demiti-lo da empresa sem indenização, acusado de “revelar informação confidencial” numa entrevista radial.
Nessa entrevista, concedida à Rádio Pichincha, Almeida afirmou que os petroleiros suspeitavam de que o governo do direitista Daniel Noboa, estava negociando de forma secreta a venda de campos petrolíferos da estatal a empresas estrangeiras, fato confirmado pelo próprio governo, que abriu licitação internacional para exploração do Campo Amistad neste mês.
Mas, as declarações à rádio são apenas uma desculpa. O certo é que David Almeida é uma das vozes mais fortes contrárias à privatização e isso incomoda o governo. O sindicalista tem apresentado diversos estudos técnicos e econômicos sobre o impacto negativo da privatização de campos petrolíferos como Sacha, Amistad, 16 e 17, assim como da não devolução do Oleoducto de Crudos Pesados (OCP), que já deveria ter voltado ao Estado do Equador, mas continua em mãos de capitais argentinos.
O petroleiro afirma: “Estou sendo perseguido por cumprir meu dever como sindicalista, que é a defesa dos trabalhadores, da empresa estatal e dos recursos naturais da nação”. Segundo Almeida, “essa medida não é só uma perseguição trabalhista, que atenta contra nossos direitos mais elementares, mas também um atentado contra a liberdade de expressão”.
Pano de fundo
Mas há outro elemento muito importante nesta perseguição: o contexto. Na última sexta-feira (27), ocorreu a eleição para o Comité de Empresa de Petroecuador, organização sindical que lidera as negociações coletivas com a estatal. Segundo o controle eleitoral realizado pelos trabalhadores, a lista D, de David Almeida, ganhou com 1118 votos, mas o Tribunal Eleitoral ainda não publicou os resultados e outros candidatos tentam se declarar como ganhadores.
Almeida denuncia: “Minha perseguição se dá nesse contexto, em que vencemos a eleição para liderar a negociação coletiva com a empresa. Eles querem me tirar desse processo para manter o domínio patronal das nossas estruturas e negociar com a patronal, mas não vamos permitir”.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) declara seu apoio a David Almeida e se solidariza com o sindicalista, que é uma voz fundamental na defesa da categoria petroleira do Equador e na luta contra a privatização no setor.