Brasil deve exercer papel de liderança assumindo compromissos audaciosos, afirma secretária cutista

CUT

Entre os dias 11 e 23 de junho, a Central Única dos Trabalhadores mobilizará suas bases para levar a visão do movimento sindical aos debates sobre  desenvolvimento sustentável que tomarão conta do Rio de Janeiro.

Nesse período, além da Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)- .13 a 22 de junho –, a CUT participará ativamente da III Assembleia Sindical Sobre Meio Ambiente e Trabalho (11 a 13) e da Cúpula dos Povos (15 a 23), defendendo que as discussões levem em conta quatro fatores básicos: econômico, social, ambiental e político.

Para a Central, é preciso garantir e ampliar a proteção social, o trabalho decente e os empregos verdes, pontos que estão intimamente ligados. Considerando que sem qualquer um desses pontos não é possível colocar em prática um verdadeiro modelo de desenvolvimento sustentável.

Secretária de Meio Ambiente da CUT, Carmen foro destaca que a Rio+20 ocorre num momento de crise dos modelos de produção e consumo. Portanto, um período em que a classe trabalhadora tem a oportunidade de dar visibilidade às plataformas que defende. “Os governos não poderão terminar um evento dessa magnitude, num mundo que observa o colapso de um sistema equivocado, sem rever a lógica econômica, social e ambiental”, destaca.

Para ela, porém, a conferência será apenas o primeiro passo. “Primeiro, trata-se da sequência da Eco-92 – Cúpula da Terra que também aconteceu no Rio de Janeiro e fez com que o conceito de desenvolvimento sustentável superasse a dicotomia entre crescimento econômico e preservação do meio ambiente –, não partimos do zero. Então, devemos considerar o que já temos de debate acumulado. Agora, precisamos avançar para discutir soluções voltadas ao empregos de qualidade e que não destruam os recursos naturais e à políticas econômicas visando acabar com a pobreza em todo o mundo”, explica.

Apesar da discussão ser difícil, especialmente em um país onde a bancada ruralista tem grande força no Congresso Nacional e em parlamentos de estados e municípios, a dirigente acredita que o Brasil tem progredido nessa discussão. E cita como exemplo o recente debate sobre o Código Florestal. “A presidenta Dilma Rousseff cumpriu com o que havia sinalizado na época da campanha e vetou pontos fundamentais como a anistia a desmatadores, por exemplo. Além disso, sinalizou com uma preocupação voltada à agricultura familiar, para permitir a produção àqueles que tem pequenas áreas. Porém, precisamos estar vigilantes, porque esse grupo conservador tem muito poder.”

Brasil sem fome
Ainda sobre a agricultura familiar, Carmen destaca que o combate à miséria, um dos pontos centrais da Rio+20, deve considerar políticas mais audaciosas para a produção além do agronegócio. “É no campo que temos um quarto dos pobres de todo o Brasil e nós podemos apenas contar com políticas meramente compensatórias. Afinal, a agricultura familiar produz 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Temos políticas de acesso ao crédito, de pesquisa, que auxiliam na melhoria das condições de produção, mas ainda são restritas, boa parte dos agricultores familiares ainda não tem acesso, inclusive à produção agroecológica. É necessário potencializar a capacidade produtiva dessas pessoas e isso não se faz sem reforma agrária”, afirmou.

Para ela, os países que irão compor a Rio+20 devem estar atentos à necessidade de dialogar com os movimentos sociais que, por sua vez, devem levar esse diálogo adiante, inclusive, nas eleições municipais. “É necessário enfrentar questões estruturais e para isso precisamos de governos com uma postura progressista. Por isso, a CUT propõe mudanças que já defendemos em nossa Plataforma da Classe Trabalhadora (clique aqui para ler) e levaremos esse debate às eleições municipais deste ano. A Rio+20 deve deixar também um legado político.”