Bolsonaro torrou 65,8 bilhões de dólares das reservas internacionais do Brasil

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Governos Lula e Dilma, ambos do PT, deixaram, de 2003 a 2015, um volume de reservas internacionais de US$ 368,7 bilhões

[Da redação da CUT, com informações do Brasil 247]

Dados do Banco Central (BC) apontam que o Brasil chegou ao fim de 2022 com US$ 324,7 bilhões em reservas internacionais, US$ 65,8 bilhões a menos do que as reservas registradas no início do mandato, que eram de US$ 390,5 bilhões.

Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, “Jair Bolsonaro foi o único presidente que não aumentou as reservas internacionais, quando se compara o primeiro com o último dia de governo de cada um dos mandatários”.

Em 2002, o governo federal dispunha de apenas US$ 16,3 bilhões de reservas internacionais líquidas, deixadas pelo governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

No acumulado dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff (2003 a 2015), ambos do PT, o volume das reservas internacionais chegou a US$ 368,7 bilhões. Em março de 2016, em meio ao golpe contra Dilma, elas somavam US$ 372 bilhões.

Por que não é prudente gastar os US$ 350 bilhões

O ex-ministro do Trabalho e da Previdência, Ricardo Berzoini (PT) explicou ao Portal CUT, no auge da pandemia, que quando um governo coloca dólares à venda no mercado financeiro, o valor da moeda norte-americana tende a cair e, por isso, não seria prudente gastar toda a reserva cambial. Uma queda artificial prejudicaria as exportações brasileiras.

“O governo pode começar a vender esses dólares aos poucos para não inundar o mercado, mas só o anúncio de uma série de obras, mostrando que há dinheiro para isso, seria suficiente para as empresas começarem a fazer projetos e contratar trabalhadores”, diz.

Para Berzoini, o dólar em torno de R$ 4,70 já seria suficiente para expandir a indústria com a compra de equipamentos e ainda permitir a exportação de produtos brasileiros.

“O problema é que o compromisso deste governo é somente com o latifúndio exportador”, diz o ex-ministro do Trabalho, de Lula, e da Secretaria de Governo, de Dilma Rousseff, entre outros cargos ocupados nos governos petistas.

Segundo ele, a estratégia de colocar mais dinheiro em circulação na economia está sendo posta em prática pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, só que lá ele pode imprimir a própria moeda. Aqui, imprimir o real poderia acabar em inflação mais alta.

“Vários países no mundo, de inspiração liberal, estão expandindo seus gastos públicos por causa da pandemia. Por isso esta proposta não tem nada de esquerdista. O Brasil acumulou dólares na hora certa e agora precisa gastar. Esta é a hora”, conclui Ricardo Berzoini.

A criação das reservas cambiais

Berzoini conta que após a crise mundial de 2008, os EUA e a Europa travaram uma guerra cambial com o restante do mundo e a estratégia era inundar o mercado com o euro e o dólar para diminuir a valorização dessas moedas. Com o dólar, em 2010, a R$ 1,58 as exportações brasileiras estavam sendo prejudicadas. O então ministro da Fazenda, Guido Mantega, para evitar que isto prejudicasse a nossa economia, decidiu comprar dólares.