FUP divulga agenda de luta em apoio à greve dos caminhoneiros, por preços justos para os combustíveis, contra a privatização da Petrobrás e por ‘fora Bolsonaro’

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos deliberaram pelo apoio à paralisação dos caminhoneiros, prevista para ter início na segunda-feira, dia 1º de fevereiro. A mobilização está sendo convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), pela Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB), pelo Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), entre outras entidades.

Em apoio ao movimento, a categoria petroleira está organizando protestos em diversos estados do país, com doações de botijões de gás, distribuição de cestas básicas e vouchers de subsídios para compra de gasolina e diesel, campanhas de conscientização sobre os impactos sociais do desmonte do Sistema Petrobrás, entre outras ações de solidariedade voltadas para as comunidades que mais sofrem com o preço absurdo dos combustíveis e as altas taxas de desemprego.

A atual política de reajuste dos derivados de petróleo, que fez os preços dos combustíveis dispararem, é reflexo direto do maior desmonte da história da Petrobrás. Só a gasolina já acumula em janeiro deste ano alta de 13,4%, após mais um reajuste nesta quarta-feira, 27. O diesel também subiu de preço, impactando diversos setores da economia, e o botijão de gás, item essencial na cesta básica da população, já custa mais de R$ 100,00 em várias regiões do Brasil.

Uma das reivindicações dos caminhoneiros é a mudança na política de preços da Petrobrás, que a FUP e seus sindicatos denunciam desde 2016, quando a gestão que assumiu a empresa após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, impôs o Preço de Paridade de Importação, que varia conforme o vai e vem do valor do barril de petróleo no mercado internacional e as oscilações do dólar e dos custos de importação, o que faz com que os reajustes sejam frequentes e abusivos. “Por conta dessa política, estamos sofrendo com aumentos descontrolados de derivados, como a gasolina, o gás de cozinha, o gás natural e o diesel, o que inviabiliza setores estratégicos da economia, além de afetar massivamente a população”, alerta o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.

O diesel representa até 60% no valor da viagem e tem impacto inclusive no preço do produto final, como insumos e alimentos. Somente em 2020, o preço do diesel foi reajustado 20 vezes. Estudo realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (INEEP) aponta que o preço do óleo diesel no Brasil é o segundo mais caro do mundo, só perdendo para a Alemanha. “Antes da nova política de preços da Petrobrás, o PPI não era a variável central do reajuste. Agora, seguindo o PPI, os preços derivados passaram a variar muito mais, o que evidencia a nossa dependência do mercado internacional e alta do dólar. Com a privatização, esse movimento deve se generalizar, ou seja, os preços ficarão mais voláteis seguindo o barril do petróleo”, afirma Rodrigo Leão, coordenador técnico do Ineep.

Em maio de 2018, quando os caminhoneiros realizaram uma greve nacional em protesto contra os aumentos abusivos do diesel, a FUP denunciou a gestão da Petrobrás por praticar na empresa uma política privatista para satisfazer o mercado e os acionistas, sem qualquer compromisso com o papel público da estatal. Os petroleiros fizeram 72 horas de paralisação, pautando na sociedade o debate sobre a política de preços abusivo da gestão da Petrobrás, o que levou à queda do então presidente da empresa, Pedro Parente.


> Relembre aqui a greve dos petroleiros em maio de 2018


Desde então, os petroleiros vêm realizando diversas ações, mobilizações e greves pela retomada do papel público da Petrobrás, contra as privatizações e pelo fim da política de reajustes dos derivados de petróleo, que impôs o Preço de Paridade de Importação.

Nas mobilizações de segunda-feira, 01/02, além dos preços justos para os combustíveis, a FUP e seus sindicatos também estarão cobrando do governo o enfrentamento à crise sanitária (ampliação dos recursos para o SUS e defesa das medidas de distanciamento social) e à crise econômica (retomada do Auxílio Emergencial), a defesa do Programa de Proteção ao Emprego, entre outras bandeiras que integram a pauta de reivindicações das centrais sindicais e dos movimentos sociais, como a luta contra o teto dos gatos, contra a reforma administrativa e pelo “Fora Bolsonaro, Impeachment Já!”.

Confira abaixo as ações já confirmadas pelos sindicatos ligados à FUP em todo o País. A lista será atualizada nos próximos dias com a decisão de outros sindicatos, por ações de apoio à greve:

SINDIPETRO/AM: doação de 40 cestas básicas, com medidas preventivas, levando em conta o lockdown estabelecido na cidade.

SINDIPETRO/CE-PI: protesto e campanhas com outdoors, sem aglomerações devido ao agravamento da pandemia da COVID.

SINDIPETRO/ES: juntamente com motoristas de aplicativos e motoboys farão carreata do aeroporto até a sede antiga da empresa, com distribuição de voucher de desconto em combustíveis líquidos no final da atividade para até 100 veículos. Limitado a 20 litros para carros e 10 litros para motos. Após a carreata, se juntarão às atividades das Centrais Sindicais previamente programadas.

SINDIPETRO/CAXIAS: distribuição de 100 cestas básicas e 1000 máscaras para comunidades carentes da baixada fluminense.

SINDIPETRO/MG: doação de 100 botijões de gás para famílias em vulnerabilidade social e atos deliberados juntamente com as Centrais Sindicais.

SINDIPETRO/UNIFICADO SP: distribuição de 200 botijões de gás.

SINDIPETRO NF – doação de 100 botijões em Padre Miguel.

SINDIPETRO/RS: Subsídio de 100 botijões de gás, no Município de Esteio.

SINDIPETRO/BA: Ato na RLAM pela manhã, com doação de 200 botijões de gás para famílias em vulnerabilidade social,  carreata com motoristas de aplicativos e ato juntamente com as Centrais Sindicais, à tarde.

[Da imprensa da FUP | Arte: CUT/MG]