Em um longo artigo divulgado no exterior pela Bloomberg, maior agência internacional de notícias para o mercado financeiro, Aécio Neves é citado como o candidato que representa os interesses das multinacionais de petróleo que operam no Brasil. A matéria foi publicada no dia 10 de outubro, com o título original “Shell to Halliburton Seen Winning With Brazil’s Neves”, cuja tradução mais próxima é: “Da Shell à Halliburton, o setor ganhará com a vitória de (Aécio) Neves”.
A esperança dos cartéis internacionais de petróleo de serem favorecidos com uma vitória de Aécio Neves deve-se ao fato de que o tucano já acenou que irá alterar o modelo de exploração do pré-sal e abrirá ainda mais a Petrobrás para o capital privado. “O candidato da oposição Aécio Neves promete leiloar licenças de exploração com mais frequência, aumentar os preços dos combustíveis e facilitar o processo legal e burocrático para as petroleiras estrangeiras”, destaca o texto da agência.
A Bloomberg ouviu Robbert Van Batenburg, diretor de estratégia de mercado da Newedge, uma badalada corretora de ações norte-americana, que foi categórico: “Se Aécio Neves ganhar, ele vai abrir (o pré-sal) aos investidores estrangeiros”. Os jornalistas que escreveram o artigo lembram que o PSDB já havia aberto o setor para as multinacionais no final dos anos 90 e que Aécio tem como consultora de enegia a economista tucana Elena Landau, a quem se referem como a “dama de ferro das privatizações no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.
A matéria cita uma declaração de Elena contrária ao papel da Petrobrás como operadora única do pré-sal: “Isso restringe a concorrência. As empresas estrangeiras não são muito valorizados por este governo, como se elas fossem irrelevantes”. A mesma opinião é compartilhada por Adriano Pires, ex-superintendente da ANP, que também foi ouvido pela Bloomberg, já que é consultor e coautor dos projetos de Aécio Neves para o setor petróleo. Suas declarações foram de que “o monopólio do produtor estatal sobre o pré-sal precisa ser revisto” e “muita coisa terá que mudar”.
Atuação predatória das multinacionais
Desde que o governo do PSDB quebrou o monopólio da Petrobrás sobre o setor petróleo, nenhum investimento siginificativo foi feito pelas operadoras privadas no Brasil. Não fizeram sequer uma encomenda à indústria naval nacional. Além disso, essas empresas atuam com plataformas 100% terceirizadas, sem qualquer controle das atividades e condições de trabalho, pois as multinacionais têm uma postura totalmente antissindical.
A Statoil, por exemplo, que depois da Petrobrás é a principal produtora de petróleo no país, emprega apenas 200 trabalhadores próprios, todos em escritório. Nas atividades offshore, contrata plataformas no exterior e terceiriza toda a exploração e produção. Ao longo de quase duas décadas de abertura do setor, nem a própria ANP sabe o que acontece a bordo destas plataformas, muito menos o que as operadoras privadas fazem com o petróleo que extraem do Brasil já que, pelo modelo de concessão, elas detêm a propriedade integral deste recurso e, normalmente vendem para quem paga mais.
Fonte: FUP