Bancários rejeitam proposta dos bancos e entram em greve a partir do dia 19

Nas assembleias realizadas nesta quinta-feira (12) à noite em todo o país, os bancários rejeitaram a proposta de 6,1% de reajuste apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 19/09, conforme orientação do Comando Nacional, coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT).

Além de negar aumento real nos salários, pisos, PLR e todas as verbas salariais (os 6,1% apenas recompõem a inflação do período medida pelo INPC), a proposta da Fenaban ignora todas as reivindicações dos bancários sobre emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades. 

“Nós advertimos os bancos na mesa de negociações que essa proposta era uma provocação. Um setor em que somente as seis maiores empresas tiveram lucro líquido de R$ 29,6 bilhões no primeiro semestre e mantêm a mais alta rentabilidade do planeta, graças ao aumento da produtividade de seus trabalhadores, acenar com uma proposta desse tipo é pra empurrar os bancários para a greve”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

“Apesar desse lucro recorde, os bancos estão fechando postos de trabalho e piorando as condições de trabalho, com aumento das metas abusivas e do assédio moral, o que tem provocado uma verdadeira epidemia de adoecimentos na categoria. Por falta de investimento em segurança, também cresce o número de assaltos, sequestros e mortes. Mas os banqueiros se recusam a discutir esses problemas. Por isso, a única saída da categoria é a greve”, acrescenta Cordeiro. 

Intensificar a mobilização

A Contraf-CUT está orientando as entidades filiadas a intensificarem a mobilização em todo o país. “Nos últimos anos os bancários têm demonstrado um grande poder de mobilização e de pressão e por isso conquistaram aumentos reais de salários e outros avanços econômicos e sociais. Somente uma greve muito forte da categoria fará os bancos melhorarem a proposta”, conclui Carlos Cordeiro.

Calendário de luta

17 e 18 – Todos a Brasília para pressionar os deputados federais durante a audiência pública sobre o PL 4330 no plenário da Câmara.

18 – Assembleia organizativa para encaminhar a greve.

19 – Deflagração da greve nacional dos bancários por tempo indeterminado.

A proposta da Fenaban

Reajuste – 6,1% (inflação do período pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc.)

PLR – 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado).

Parcela adicional da PLR – 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88.

Adiantamento emergencial – Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.

Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa.

Adoecimento de bancários – Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.

Inovações tecnológicas – Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.

As reivindicações dos bancários

Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)

PLR: três salários mais R$ 5.553,15.

Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).

Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.

Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.

Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.

Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.

Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.

Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.