A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf) prepara as reivindicações para a 14ª conferência nacional da categoria, que ocorrerá de 20 a 22 de julho, em Curitiba (PR). Os quatro eixos de discussão serão emprego; saúde, condições de trabalho e segurança; remuneração e sistema financeiro.
A Contraf propõe a discussão a partir do entendimento de que banco é concessão pública. Segundo o presidente da entidade, Carlos Cordeiro, a categoria sugere à presidenta Dilma Rousseff a convocação de uma conferência nacional do sistema financeiro para que a sociedade possa discutir o regime existente no país e qual o desejado.
Uma das principais críticas da Contraf é que dos 5.566 municípios no Brasil, pelo menos 2 mil não têm agências bancárias. “O que se está chamando de ‘bancarização’ é uma maneira de discriminar o cidadão brasileiro pela sua renda. Quem tem uma renda baixa é atendido em correspondente bancário, em lotérica; os que têm renda alta são atendidos dentro dos bancos, e quem tem renda ainda maior, tem atendimento VIP. Se banco é concessão pública, todos os cidadãos têm de ter direitos iguais no atendimento, independente de serem públicos ou privados”, afirmou Cordeiro.
Os dirigentes da Contraf querem integrantes da sociedade civil no Conselho Monetário Nacional (CMN) e a criação de metas sociais. Para Cordeiro, essa participação popular pode ajudar, por exemplo, no direcionamento do crédito. “Ver não apenas a taxa de juros, mas, acima de tudo, se essa política monetária está resultando na evolução do emprego, na distribuição da renda. Não queremos uma coisa somente técnica. Por isso, sugerimos que não haja apenas os tecnocratas do Banco Central no CMN”, disse.
“Muitas vezes, o CMN parece ser mais um sindicato nacional do banco do que um agente fiscalizador e cumpridor de normas do sistema financeiro. Achamos que o Congresso Nacional deve ter uma comissão mista que fiscalize os bancos. Se houver uma má administração do Banco Central, os seus diretores precisam ser responsabilizados”, afirmou.
Combate às demissões, mais contratações e fim da rotatividade, das terceirizações e dos correspondentes bancários estão na pauta da categoria. Os trabalhadores também querem aumento real de salário, maior participação nos lucros ou resultados (PLR), valorização dos pisos e plano de cargos de salário e de previdência complementar.