Bancários fecham 7.950 agências no país, mas bancos permanecem calados

A greve nacional dos bancários cresceu nesta segunda-feira (3), sétimo dia de paralisação.





Contraf-CUT

A greve nacional dos bancários cresceu nesta segunda-feira (3), sétimo dia de paralisação, e atingiu todos os 26 estados e o Distrito Federal, com a adesão dos funcionários de Roraima. A categoria paralisou 7.950 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados. O balanço foi feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a partir dos dados enviados pelos sindicatos até as 18h30.

A greve começou na última terça-feira (27), após a rejeição da proposta de reajuste de 8% apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que representa apenas 0,56% de aumento real.

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, reunido nesta segunda-feira, em São Paulo, decidiu orientar os sindicatos a intensificarem as ações para mobilizar os bancários e ampliar a greve em todo país, uma vez que a Fenaban permanece em silêncio.

"Mantemos nossa disposição de diálogo e, para tanto, o Comando Nacional está de plantão até esta terça-feira (4), em São Paulo, para retomar o processo de negociações com os bancos", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Queremos uma proposta decente para valorizar o trabalho dos bancários", destaca.

Os bancários reivindicam reajuste de 12,8% (aumento real de 5% mais inflação do período), valorização do piso, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mais contratações, extinção da rotatividade, fim das metas abusivas, combate ao assédio moral, mais segurança, igualdade de oportunidades, melhoria do atendimento dos clientes e inclusão bancária sem precarização", diz Cordeiro.

O presidente da Contraf-CUT destaca que a valorização do piso da categoria é um ponto fundamental para o acordo. "Dados do Dieese mostram que o salario inicial dos bancários brasileiros é menor que o piso dos trabalhadores argentinos e uruguaios. Isso é um absurdo, uma vez que os bancos brasileiros estão entre os maiores e mais lucrativos do continente", alerta o dirigente sindical.

Segundo pesquisa feita pela Subseção do Dieese da Contraf-CUT, o salário de ingresso nos bancos no Brasil em agosto de 2010 era equivalente a US$ 735, mais baixo que o dos uruguaios (US$ 1.039) e quase metade do recebido pelos argentinos (US$ 1.432). A comparação do valor por hora trabalhada também é bastante desfavorável para os bancários do país. O piso dos brasileiros é equivalente a US$ 6,1 por hora de trabalho, enquanto os argentinos ganham US$ 9,8/hora, seguidos pelos uruguaios, que recebem US$ 8/hora. 

"É uma situação que mostra em parte porque o Brasil se mantém entre as nações com a pior distribuição de renda do mundo", salienta Cordeiro. Conforme o Dieese, cerca de 140 mil bancários recebem o piso no Brasil, o que significa aproximadamente 30% ou quase um terço da categoria.