Bancários de São Paulo lembram papel do sindicato na redemocratização do país

Rede Brasil Atual

A importância da luta dos bancários para o processo de redemocratização do Brasil e para as conquistas dos trabalhadores foi lembrada hoje (1º) por ex-presidentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, durante cerimônia pelos 90 anos da entidade, que serão celebrados no próximo dia 16.

“O desafio que me convenceu a vir para o sindicato foi que ele era um instrumento importante para derrubar a ditadura e nós o fizemos”, lembrou Gilmar Carneiro, que presidiu a entidade entre 1988 e 1994. “E fizemos muito mais do que isso: fundamos o maior partido de esquerda do mundo, que mantém o discurso da democracia. Nós mudamos a história o Brasil.” Em 1980, foi criado o PT, que chegou pela primeira vez à presidência da República em 2003. 

O também ex-presidente Augusto Campos afirmou que se “considera realizado” com as conquistas da entidade, entre as quais incluiu a criação da CUT, em 1983. “A gente só queria acabar com a ditadura. E, nesse processo, fundamos uma central sindical e um partido politico. Acho que nossa geração, de 1968, cumpriu sua obrigação.” 

De acordo com o livro comemorativo lançado hoje, chamado 90 anos fortalecendo a democracia, os trabalhadores organizados e seus sindicatos foram os principais alvos da ditadura. “Entre as primeiras medidas da ditadura esteve a cassação dos direitos políticos, por dez anos, de 376 bancários do Banco do Brasil, bem como diversos outros militantes e sindicalistas da categoria”, aponta o texto.

“O que temos hoje é um acumulo. A gente olha pra trás e não precisa construir tudo o que construíram aqueles que nos antecederam. Não precisamos lutar pela anistia e pelo fim da ditadura”, disse o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, que esteve à frente da entidade entre 2005 e 2008. “É pela referência do passado que a gente constrói o futuro.”

Política neoliberal

Assim como a luta pela redemocratização do país, os ex-presidentes do sindicato lembraram a importância das mobilizações da categoria para tentar impedir demissões e perda de direitos durante os governos de Fernando Collor de Mello (1990-1992) e de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

“Foi um período muito difícil quanto foram implementadas todas as políticas neoliberais: os tribunais cassavam direitos dos trabalhadores e ocorriam muitas privatizações de bancos”, lembrou João Vaccari, que esteve à frente da entidade entre 2000 e 2002. “Vivíamos processos muito duros de negociação. Era um momento de muita demissão.”

Para o deputado federal Ricardo Berzoini (PT), que presidiu o sindicato entre 1997 e 2000, as conquistas do passado devem pautar os novos desafios da entidade. “Temos que olhar para a frente e dizer: fizemos até agora um pedaço da caminhada da classe trabalhadora, que não é maioria no ideário do nosso país. Conseguimos uma frente que governa o Brasil por dez anos seguidos. Nenhum outro partido de esquerda no mundo conseguiu isso.”

A atual presidenta, Juvandia Moreira, concorda. “Seguimos daqui pra frente. O Congresso Nacional sozinho não vai fazer a reforma política que a gente tanto precisa no nosso país se não nos mobilizarmos para isso. Assim como temos que tornar uma demanda da sociedade a necessidade de democratizar os meios de comunicação”, firmou. “Agradeço a todos os militantes que passaram por esses 90 anos e nos ajudaram a construir essa historia de luta tão bonita.”
 
O presidente da CUT, Vagner Freitas, primeiro bancário eleito para a presidência da central, afirmou que “não há nada na CUT que não tenha sido construído com a colaboração dos bancários. Se há um país onde os bancários são efetivamente participativos é o Brasil”.