Na Bahia, dois dos polos de produção mais rentáveis foram os escolhidos pela Petrobrás para serem entregues à iniciativa privada. Um deles é Buracica, que possui sete campos e está localizado na região dos municípios de Catu e Alagoinhas. O outro é Miranga, com nove campos e situado na região de Pojuca.
O coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, denuncia que “com a venda desses polos, cerca de 250 trabalhadores diretos ficam sem postos de trabalho e amargam a incerteza se serão transferidos, quando e onde podem ser realocados. Para os cerca de 750 trabalhadores indiretos a realidade é ainda mais cruel. Esses, serão demitidos”. Para Deyvid, “as empresas privadas irão receber das mãos da Petrobrás um excelente negócio a preço, provavelmente abaixo do mercado devido à atual crise do petróleo”.
O polo de Buracica produz 4.500 barris de petróleo/dia e 30 mil m³ de gás/dia. Já o de Miranga, um importante e reconhecido produtor de gás em terra no Brasil, produz 1 milhão de m³ de gás/dia e cerca de 1.500 barris de petróleo/dia, cita o diretor da FUP Leonardo Urpia, que lotado naquela unidade já a viu produzindo 3,5 milhões de m³/dia, “ antes dos desinvestimentos propositadamente afetarem a produção”.
De acordo com o diretor do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, a venda dos campos terrestres às empresas privadas irá causar grandes impactos nos municípios situados no entorno desses campos no Recôncavo baiano. Segundo ele a estimativa é de que haja uma redução de cerca de 60% do efetivo próprio e terceirizado, “junta-se a isso a redução da massa salarial, provocando um grande impacto negativo na economia dessas cidades”, alerta.
Diferente da Petrobrás, diz Radiovaldo, as empresas privadas têm pouca capacidade ou interesse em realizar investimentos sem retorno imediato. O que pode levar à estagnação ou queda da produção e consequentemente à redução de arrecadação dos royalties e do ISS nesses municípios.
Outra preocupação é a falta de responsabilidade ambiental dessas empresas que “em busca do lucro rápido podem optar por uma exploração predatória das reservas”, acredita. O diretor deu o exemplo do campo de Buracica “que apesar de estar produzindo há mais de 63 anos, ainda é rentável porque houve um cuidado da Petrobrás de preservar as reservas de petróleo”.
Fonte: Sindipetro Bahia