Na Bahia nasceu um sonho, o sonho do povo brasileiro de ter uma empresa que pudesse ter capacidade de se estabelecer em áreas estratégicas e tecnológicas, como a extração, produção e refino de petróleo. O legado dos pioneiros e pioneiras é inspiração para reconstrução do Sistema Petrobrás
[Por Carol Athayde, da imprensa do Sindipetro Bahia]
A Petrobrás está completando 70 anos. A grande e importante empresa petrolífera brasileira nasceu em 03 de outubro de 1953 a partir da mobilização popular e da campanha “O Petróleo é Nosso”, que mobilizou o Brasil no final da década de 1940, no governo de Getúlio Vargas. Seu berço foi a Bahia, estado onde também foi descoberto o petróleo.
Na Bahia nasceu um sonho, o sonho do povo brasileiro de ter uma empresa que pudesse ter capacidade de se estabelecer em áreas estratégicas e tecnológicas, como a extração, produção e refino de petróleo. Com o nascimento da Petrobrás, o Brasil proclamava sua independência econômica e sonhava com a soberania nacional. Não é à toa que o 3 de outubro foi escolhido para ser o Dia de Mobilização em Defesa da Soberania Nacional e dos Serviços Públicos.
Papel estratégico
A estatal teve e tem um importante papel no desenvolvimento econômico e industrial do estado baiano e do Brasil, assim como durante décadas vem modificando a vida de moradores de diversas comunidades através da sua atuação com responsabilidade social. A petrolífera também serviu de trampolim para a ascensão da classe trabalhadora.
No entanto, a Bahia, que deu “régua e compasso” para que a indústria do petróleo pudesse florescer, é hoje o estado mais afetado pelo desmonte da Petrobrás, promovido pelo extinto governo Bolsonaro. A destruição da estatal começou em seu berço. Atualmente só existe no estado nordestino o Polo Bahia Terra, composto por campos de produção e extração de petróleo. Todos os outros ativos diretos da Petrobrás foram vendidos, arrendados ou fechados.
Mas apesar das adversidades e do desmonte, o estado da Bahia será sempre lembrado como pedra fundamental do petróleo brasileiro e da Petrobrás. Assim como sempre serão lembrados os pioneiros petroleiros da Bahia, que exportaram o seu conhecimento técnico para que futuramente fosse possível descobrir e explorar novos e importantes campos de petróleo Brasil afora, como a Bacia de Campos (RJ), os campos terrestres de Carmopólis (SE), o do Alto do Rodrigues (RN), São Mateus (ES), São Miguel (Al), Urucu (AM), Fazenda Belém (CE) e o Pré-Sal.
Desafios
Envolta em disputas e cobiças de países estrangeiros, desde a sua criação, a Petrobrás vem enfrentando diversos desafios para se manter como uma empresa pública, nacional e integrada. A estatal já sofreu diversas tentativas de privatizações em governos passados, mas nada se compara ao que aconteceu durante o governo Bolsonaro, quando a gestão da Petrobrás deixou de fazer investimentos em grande parte de suas unidades, sendo que muitas passaram por um processo de sucateamento e foram vendidas por preços abaixo dos valores de mercado, como foi o caso da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia.
O Sindipetro Bahia e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) estão à frente da luta pela reconstrução da Petrobrás e pelo aumento da presença da estatal na Bahia. Com a vitória de Lula nas eleições presidenciais nasceu também a esperança da volta da Petrobrás como uma empresa pública e integrada, que possa contribuir novamente para o desenvolvimento do Brasil e o bem estar da população brasileira.
História
Para contar melhor a história da Petrobrás é preciso voltar à década de 1930, quando muitos esforços foram feitos para encontrar petróleo em solo brasileiro. Na época, moradores do bairro do Lobato, localizado em uma zona rural de Salvador, na Bahia, relataram a presença de um óleo preto e espesso na vegetação e diziam que a água retirada do poço, além de ser imprópria para consumo, “pegava fogo”.
Em 29 de julho de 1938, já sob a jurisdição do recém-criado Conselho Nacional de Petróleo – CNP, foi iniciada a perfuração do poço DNPM-163, em Lobato. No dia 21 de janeiro de 1939, finalmente, eis que surge o petróleo ocupando parte da coluna de perfuração. Apesar de ter sido considerado antieconômico, o poço foi o marco fundamental da confirmação da presença de petróleo na Bahia e no Brasil.
Depois de Lobato, foi descoberto o Candeias 1, primeiro poço de exploração comercial, localizado na cidade de Candeias, no recôncavo baiano. Este foi o pontapé inicial para a criação da Petrobrás com as atribuições de pesquisa, exploração, refino, transporte e sistema de dutos, empresa que chegou a ser, no governo Lula, a quarta maior do mundo em valor de mercado, e após ser desmontada e vendida pelo governo Bolsonaro, renasce no terceiro governo Lula.
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