Parte do dia de lutas e greves, o ato na Avenida Paulista nesta sexta-feira (30), região central da capital paulista, começou pontualmente às 16h. Do carro de som, músicas do cancioneiro popular brasileiro esquentaram os presentes, que foram aumentando em número, até que em menos de uma hora a avenida foi totalmente ocupada nos dois sentidos, em frente ao Masp. O ato político, com falas de lideranças, durou das 17h30 até as 19h, quando a manifestação seguiu em passeata.
Entre os presentes, muitos servidores públicos, ativistas e pessoas não necessariamente organizadas. O ato foi convocado pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular. Conforme o sol caia no horizonte da avenida, foi anunciado o trajeto do ato, que deve seguir até a sede da prefeitura, onde os presentes, que rechaçam as reformas trabalhista e da Previdência, bem como pedem a queda do presidente Michel Temer (PMDB), devem engrossar o discurso contra a política privatista adotada pelo prefeito João Doria (PSDB). Os presentes também denunciaram que Doria fechou os banheiros públicos nas redondezas para dificultar o ato.
“Coroando esse dia de atos em todas as capitais brasileiras, vamos dar o recado aos congressistas, de que o povo desse país é contra as reformas trabalhista e da Previdência. Vamos avisar que quem votar contra os trabalhadores não vai ter voto nas próximas eleições”, disse o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo. “Vamos ainda encerrar nosso ato em frente à prefeitura para dar o recado para o João Dólar, de que nossa cidade não está à venda”, completou ao dar início ao ato político, por volta das 17h30. Neste momento, a manifestação já ocupava quase metade de toda a extensão da avenida, do Masp até a Rua da Consolação.
A primeira organização social a usar a palavra no carro de som foi a União Estadual dos Estudantes de São Paulo, com a presidenta Flávia Stefanny. “Essa avenida é palco das maiores lutas pelo estado democrático de direito. Hoje, representamos a resistência e a esperança. As frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, essa unidade, vai trazer de volta a força do povo brasileiro.” Flávia aproveitou para dar início ao congresso da UEE, que segue durante os próximos dias na cidade de Paulínia, no interior.
Denúncia contra Temer
Na sequência, o deputado federal Ivan Valente (Psol) parabenizou os trabalhadores que aderiram ao movimento. “Mais uma etapa para derrubar o governo ilegítimo e imoral de Temer. Estamos dizendo não às reformas. O país tem 14 milhões de desempregados, é esse governo corrupto só fala em tirar direitos e só fala com o mercado financeiro. Faço um pedido para que os deputados aceitem a denúncia da PGR contra Temer. Quem falar fica Temer, todo deputado, deve ser execrado publicamente”, disse.
Também deputado federal, Orlando Silva (PCdoB) saudou o dia nacional de lutas. “É mais um dia da luta em defesa dos trabalhadores. O povo se levantou para dizer não às reformas. Hoje, o Congresso tem a obrigação de abrir um processo para tirar Temer do poder. Queremos essa votação em um domingo, em rede de televisão, para o povo ver quem está do lado dele. Temos que fazer eleições diretas. A crise do Brasil nunca vai ser superada sem um governo legítimo.”
O presidente da CUT, Vagner Freitas, ressaltou vitórias dos trabalhadores no Congresso. “Estão com medo de vocês. Estão arregando, querendo votar as reformas no recesso. Mas não estamos deixando esfriar, muita gente está enfrentando o golpismo. A luta sempre trás vitórias. Nem sempre é quando queremos, mas estamos acumulam vitórias. Quero destacar os movimentos sociais, importantes, estão conosco nessa luta. Parabéns para todos que pararam o país hoje. Muita luta é disposição. Nós ganhamos a opinião pública. Gastam milhões para convencer que as reformas são boas. Mas nós insistimos, brigamos, nos organizamos e mudamos isso. Estamos enfrentando esse grande golpe, que junta Judiciário, Legislativo, mídia e empresariado. E digo, dia 6, se forem votar a reforma trabalhista, vamos ocupar Brasília. Mas se não conseguirmos barrar as reformas, faremos outra greve geral.”
Pelo PT, falou o deputado federal Carlos Zarattini, líder da bancada do partido na Câmara. “Mais de 90% do povo quer que essa quadrilha que se aposentou do poder através de um golpe saia do Planalto. O povo brasileiro não aceita mais que o petróleo seja entregue ao capital internacional. Hoje o Brasil está em luta, se levantando em resistência. Precisamos ficar mais vigilantes e marcar cada um dos deputados e senadores do Congresso, pois teremos em breve a votação da saída do Temer. E aí do parlamentar que votar em continuar esse governo que desgraça esse país. Temos que aprovar o fora Temer. É possível e vamos enterrar esse governo que quer vender nossos direitos.”.
Criminalização
Representando a Frente Brasil Popular e as mulheres, a ativista Ana Júlia, da Marcha Mundial das Mulheres, afirmou que “mulheres somos as que mais trabalham e mais seremos afetadas pelas reformas que precarizam nossos direitos. Querem criminalizada mulheres que fazem aborto. Estão propondo projetos que vão mostrar imagens de fetos para mulheres que foram estupradas. São misóginos que querem destruir nossos direitos e controlar nossos corpos. Vamos continuar na luta é dizer não ao golpe, fora Temer e a solução é o povo organizado nas ruas”.
O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, também parabenizou quem cruzou os braços nesta sexta-feira. “Estamos em um momento muito importante de nossa luta. Já fizemos uma grande greve e uma grande marcha. E hoje, já tivemos o progresso de empurrar as votações no Congresso. Além de defender direitos e emprego, deixamos claro que a permanência do Temer ou eleição indireta são garantias do grande capital para implantar essa agenda de comprometimento da soberania nacional”, disse.
O coordenador nacional da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, começou sua fala já por volta das 18h20. “Hoje, nós da CMP, fizemos vários ‘trancaços’ em avenidas da cidade. E não vamos sair da rua, nem admitir ataques aos direitos dos trabalhadores. Hoje finalizamos um semestre de muita resistência. Lamentavelmente estamos governados por um presidente investigado. É a primeira vez que isso acontece na nossa história. Não podemos aceitar. Fora Temer”, afirmou
O deputado estadual Carlos Giannazi (Psol) disse que “o povo está nas ruas. Hoje foi um dia histórico. Estamos reagindo também contra o tucanato que está cortando orçamentos na educação, cultura e saúde. Doria e Alckmin. Sobre as reformas, precisamos dar nome aos bois. Marta Suplicy e José Serra votaram contra os trabalhadores. E também faremos essa lista de deputados. Precisamos saber quem são os que atacam a classe trabalhadora”.
A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), Maria Izabel de Azevedo Noronha, a Bebel, discursou com enfoque nas questões da educação e no enfrentamento aos governos tucanos do estado. “Quero dizer que a luta não é entre nós, é contra o governo golpista de Temer e contra austeridade de Alckmin e Doria. Temos que dar respostas ao PSDB. Temos que gritar fora Alckmin e fora Temer.”
Fonte: Rede Brasil Atual