Quais os impactos para a economia do estado e municípios com a saída da Petrobrás da Bahia? Como absorver milhares de desempregados das empresas terceirizadas, que prestam serviço à estatal e vão engrossar a cifra de 12.569.000 de desempregados, 4.831.000 de desalentados e 7.333.000 de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas para a sua subsistência (dados da PNAD do IBGE), no Brasil? Qual a consequência para a economia da Bahia com a transferência para outros estados de também milhares de funcionários concursados da Petrobras, que entre salários e benefícios injetam cerca de 80 milhões de reais por mês na economia baiana?
A direção do Sindipetro Bahia, assim como parlamentares do estado – deputados federais e estaduais, senadores e vereadores -, além de prefeitos e sociedade organizada de Salvador e de diversos municípios, que dependem do ISS e ICMS, gerados pelas unidades da Petrobras na Bahia, querem respostas para essas perguntas.
Organizados em torno do assunto, vital para a economia do estado, eles participam de um Ato Público em Defesa da Petrobras na Bahia, que acontece no dia 23/09, segunda-feira, na Assembleia Legislativa da Bahia (Auditório Jorge Calmon), das 8h às 13h.
Já está confirmada a presença do ex-diretor de exploração e produção da Petrobrás, responsável pela descoberta do Pré-Sal, o geólogo, Guilherme Estrella. E também do economista, William Nozaki, pesquisador do INEEP e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
“Nossa intenção é conseguir o maior número possível de apoio para essa causa, pois não se trata apenas dos empregos dos petroleiros, mas da economia do estado. Nos anos de 2012 e 2013, a Petrobras já chegou a investir na Bahia cerca de R$ 1 bilhão de reais por ano, gerando emprego e renda. Infelizmente, agora, o que vemos é o desinvestimento, e a estatal começar a colocar em prática a sua sinalização de retirar seus negócios do Norte e Nordeste, começando no lugar onde o petróleo foi descoberto no Brasil e a Petrobrás nasceu; o estado da Bahia”, lamenta o coordenador do Sindipetro Bahia, Jairo Batista, para quem “existe possibilidade, sim de mudar ou amenizar esse quadro. Essa é nossa proposta e buscamos apoio daqueles que têm esse mesmo sentimento”.
Para o Diretor de Comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa, a decisão da atual gestão da Petrobrás, não é econômica e nem técnica, mas politica. As unidades da Petrobrás no estado continuam gerando lucros. A UO-BA (Unidade Operacional da Bahia), por exemplo, é um negócio de 3,5 bilhões de reais por ano. Essa Unidade para a Petrobrás é pequena, mas para a Bahia é grande, gera aqui cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos (trabalhadores terceirizados e próprios), somando isso à FAFEN, RLAM, Transpetro, Termoelétricas, Campos Terrestres, Petrobrás Biodiesel e outras unidades da empresa, é possível perceber que a Petrobrás tem um tamanho colossal para o estado. Tirar esse negócio da Bahia, vender e paralisar as unidades é assustador”.
Desocupação, fechamento e venda
A notícia da desocupação do Edifício Torre Pituba, onde funciona a sede administrativa da Petrobrás, que irá resultar na transferência da maioria dos cerca de 1.500 trabalhadores diretos da estatal e na rescisão dos contratos das empresas terceirizadas, que deve levar à demissão dos cerca de 2 mil terceirizados, que atuam no prédio, causou revolta na sociedade baiana.
A RLAM e Transpetro estão à venda, assim como as Termoelétricas, Liquigás, e PBIO. Os Campos de Petróleo e gás, que fazem parte da UO-BA, localizados nas regiões de Catu, Candeias, São Sebastião, Alagoinhas, Esplanada, Cardeal da Silva, Pojuca, Mata de São João, Entre Rios, Araças e São Francisco do Conde também estão à venda. Sem investimentos, o processo de venda desses campos, que produzem óleo e gás, já está na segunda fase vinculante. Pelo menos 70% deles devem ser vendidos até 2022.
A FAFEN está em processo de paralisação, ela vai ser fechada e não vendida. Essas medidas somadas fazem parte de um plano maior da retirada da Petrobrás do estado.
“Na nossa visão, o estado da Bahia vai pagar por isso. Os empregos diretos e indiretos, as cidades onde têm contratos terceirizados, o impacto nos municípios da Bahia. A gente não sabe quantificar, mas no médio e longo prazo vai trazer um forte impacto”, pontua Radiovaldo, ressaltando que a Petrobrás tem hoje, na Bahia, cerca de 4 mil trabalhadores próprios e 13 mil terceirizados.
A Bahia é o único estado do Brasil, onde a Petrobras desenvolve todas as suas atividades econômicas. Aqui a estatal tem a RLAM (refino), Transpetro (logística) FAFEN (fertilizantes, ureia e amônia) PBIO (Biodiesel) Termoelétricas (energia), Campos Terrestres (produção de petróleo e gás) e EDIBA (prédio administrativo).
O Diretor da FUP, Deyvid Bacelar, lembra que desde o governo Temer o Sindipetro Bahia vem denunciando a intenção da Petrobrás de encerrar suas atividades na Bahia. “Essa luta, pela permanência da estatal no estado, é antiga para nós que já realizamos diversas mobilizações, greves e audiências públicas, alertando, inclusive aos prefeitos dos municípios, o que poderia acontecer. Infelizmente, o alerta virou realidade. O lado positivo é que podemos contar com os parlamentares de esquerda, que sempre estiveram ao nosso lado em defesa da Petrobrás. Mas queremos mais, devido à sua importância, entendemos que essa é uma luta suprapartidária. Então, aqueles que realmente pensam no interesse da Bahia são bem vindos”
[Via Sindipetro Bahia]