Dirigentes sindicais da microrregião do Vale do Itapocu, de Blumenau, do norte e planalto catarinense participaram do Ato Público em Defesa dos Direitos e do Meio Ambiente, contra a ameaça de privatização da Petrobrás e a destruição do Brasil que vem sendo promovida pelo governo federal.
A manifestação aconteceu em frente à Câmara de Vereadores e ao lado da Prefeitura Municipal de Guaramirim-SC, chamando atenção da comunidade que passava pelo centro da cidade. A ameaça de fechamento do Terminal de Distribuição de Combustíveis da Petrobrás em Guaramirim (Temirim) representa a perda de 49,18 % do Produto Interno Bruto (PIB) do município.
O Terminal de propriedade da Petrobrás e operado pela Transpetro é responsável pelo abastecimento dos postos de combustíveis de toda região norte de Santa Catarina. Internamente já se ouve falar em fechamento da unidade para “cortar custos”, pois na visão da gestão o lucro apresentado estaria abaixo do pretendido pela Petrobrás.
O possível encerramento do Temirim representaria drástica redução de receitas para o município e um aumento dos preços dos combustíveis em toda a região norte de SC, pois os postos seriam obrigados a buscar os produtos em Itajaí ou direto na refinaria de Araucária-PR, aumentando o custo logístico. Esse aumento certamente seria repassado ao consumidor final.
O presidente em exercício da Câmara de Vereadores, Ramon Castro, esteve presente no Ato e falou sobre o impacto negativo se realmente acontecer o fechamento do Terminal: “Onde há fumaça há fogo”, disse, confirmando que a Petrobrás é responsável direta por aproximadamente 40% da receita do município. “Já está difícil atrair novas empresas, se fechar as que temos, então ficará ainda mais difícil manter os serviços municipais”, disse.
O movimento sindical pretende realizar audiências públicas e plenárias junto à comunidade, envolver prefeitura, Câmara de Vereadores, Associação Comercial e Industrial, como forma de evitar o caos no município.
O diretor do Sindipetro PR e SC, Jordano Zanardi, disse que “a atual direção da Petrobrás vem implementando um plano muito perverso com objetivo de privatizar a empresa até 2021”. Ele lembrou que uma das primeiras medidas foi colocar à venda quatro refinarias, incluindo as duas do Sul (REPAR e REFAP) e todo sistema de oleodutos e terminais a elas interligados. “Há menos de uma semana, a Petrobrás colocou mais quatro refinarias à venda, ou seja, do total de 13, está se desfazendo de oito, além de vender oleodutos, terminais, campos de petróleo, blocos do Pré-Sal, fábricas de fertilizantes e até plataformas, sem falar no que já foi vendido, como a BR Distribuidora, a Liquigás e grande parte da malha de gasodutos”.
“Que fique claro para os vereadores, prefeito, empresários e população em geral que a privatização da Petrobrás e o possível fechamento do Terminal de Guaramirim representam uma queda de quase 50% do PIB do município, e que essa realidade se aplica para todas as demais cidades onde existem unidades operacionais da Petrobrás”, advertiu Jordano.
Durante o Ato, os petroleiros presentes denunciaram que no dia 16 de setembro foi anunciada pela gestão da Transpetro a transferência de todo o quadro administrativo do Terminal de Guaramirim para Joinville, decisão tomada de forma unilateral e autoritária, e que será implementada a partir de 1º de outubro. “Já iniciou o desmonte do Terminal e existe a possibilidade real de fechamento da unidade”, emendou, citando ainda que a categoria está em Campanha para renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e que a empresa pretende cortar, unilateralmente, mais de 30 cláusulas do Acordo atual. “Os trabalhadores estão assustados com as transferências forçadas e com o corte de direitos, são constantemente pressionados e assediados pelos gestores entreguistas, mas estamos mobilizados e promovendo atos em todas as unidades para debater o ACT e combater as privatizações. Vamos envolver as prefeituras e comunidades que serão afetadas pela privatização pois o prejuízo maior será para a população”.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Jaraguá do Sul e Região (Sinsep), professor Luiz Cezar Schorner, manifestou a preocupação da entidade e dos servidores de Guaramirim em relação à possibilidade do fechamento do Terminal. “Especificamente, para os servidores e para a população, não vai ter dinheiro para manter escolas, Centros de Educação Infantil, postos de saúde, para a assistência social e obras, não terá como manter a Prefeitura”, disse, reforçando o pedido de apoio: “Todos temos que nos unir nesta luta, porque o que está em jogo não é somente os salários dos servidores, mas o atendimento da população em geral”.
O petroleiro George Medeiros analisou que um possível fechamento do Terminal da Petrobrás em Guaramirim poderá inviabilizar a economia do município como um todo porque “os trabalhadores do ramo de petróleo e gás, os 14 milhões de desempregados no país não vão comprar a geladeira produzidas na Whirlpool, em Joinville, a indústria naval não vai comprar as moto bombas e as tintas da Weg e as grandes malharias que temos aqui não terão demanda, porque o trabalhador vai comprar comida e não roupas. Quando a gente fala que defender a Petrobrás é defender o Brasil, não é da boca pra fora, trata-se do desmonte da engenharia nacional” e lembrou que a Petrobras é responsável direta por 14% do investimento nacional em pesquisas científicas e que, sozinha, a companhia já representou 13% do PIB brasileiro.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul, Airton Anhaia, conclamou: “O papel do movimento sindical é defender a população brasileira, a democracia, a soberania, e essa riqueza que é a Petrobrás”.
[Via Sindipetro-PR/SC e Rádio Comunitária Alternativa]