Simão Zanardi: “Liminar concedida por STF coloca um freio nas privatizações”

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, de conceder uma liminar (caráter provisório) que impede o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) de vender o patrimônio público brasileiro ao capital financeiro internacional sem o consentimento do Congresso, foi comemorada por sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras de empresas estatais de economia mista.

Lewandowski proferiu a decisão, nessa quarta-feira (27), ao julgar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), ajuizada em 2011 pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/Cut), questionando dispositivo da Lei das Estatais (13.303/2016).

Na decisão, o ministro do STF disse que “se as privatizações forem efetivadas sem a estrita observância do que dispõe a Constituição, isso resultará em prejuízos irreparáveis ao país”.

Com a liminar, a Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e outras 53 empresas estatais não poderão ser vendidas sem aprovação do Congresso Nacional.

“Essas empresas já estavam na lista de privatização do governo golpista que dava como desculpa a diminuição do déficit público”, explica Rita Serrano, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.

Para a dirigente, a decisão de Lewandowski é uma excelente notícia e atende os anseios da população que já se posicionou contrária a venda do patrimônio nacional.

Vitória que o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi, também comemora.

“Essa decisão coloca um freio nas privatizações, arruma a bagunça desse governo golpista que tratava as estatais como uma feira. Virou a “feirinha” do Temer”, diz Simão Zanardi.

Para ele, embora o Congresso Nacional seja em sua maioria privatista, o ano eleitoral vai jogar mais luz na pauta do Congresso.

“Esse governo não foi eleito, não tem legitimidade. Agora, a responsabilidade passa a ser dos parlamentares, que ao menos foram eleitos pelo povo, e vamos mostrar a eles que a entrega do patrimônio público trará grandes prejuízos para a nossa e as futuras gerações”.

Embora comemore, o coordenador da FUP lembra que caberá aos trabalhadores e as trabalhadoras das empresas continuarem a luta.

Já para o diretor-presidente da Associação dos Funcionários de Furnas (Asef), Victor Costa, a decisão do ministro Lewandowski em levar a discussão da privatização do sistema Eletrobras para o Congresso torna a discussão mais justa.

“Imagine um processo de privatização ser discutido a portas fechadas pelo Conselho da Eletronorte sem ouvir os trabalhadores que também são parte interessada no processo?”, questiona Victor Costa .

Mesmo com a possibilidade da Advocacia Geral da União (AGU) entrar com recurso, o dirigente está confiante na manutenção da decisão do ministro.

Para ele, outra boa notícia é que Lewandowski é o mesmo ministro que deve julgar a ADI da categoria que questiona a venda dos ativos da estatal.

“Os ativos podem ser um gerador, um transformador ou até mesmo uma usina. Nada é claro nesse governo golpista. Por isso vejo com bons olhos que Lewandowski seja o relator da ADI”, diz Victor Costa.

[Via CUT]