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Nesta segunda-feira, 22, as centrais sindicais realizaram um ato unitário em São Paulo para formalizar a atuação do coletivo sindical na Comissão Nacional da Verdade (CNV). Nove centrais sindicais integram o Grupo de Trabalho “A Verdade e a Memória dos Trabalhadores por Justiça e Reparação”, que está subsidiando as investigações da Comissãoem relação aos trabalhadores e sindicalistas que foram perseguidos, torturados e assassinados durante a Ditadura Militar, bem como as diversas intervenções que asorganizações do campo e da cidade sofreram nesse período.
Petroleiros deram o exemplo
O ato unitário das centrais sindicais marcará também os 30 anos da greve geral que ocorreu no dia 21 de julho de 1983, quando de forma organizada a classe trabalhadora enfrentou o regime militar. Mais de dois milhões de trabalhadores cruzaram os braços em plena ditadura, motivados, principalmente, pela histórica greve dos petroleiros da Replan (Paulínia/SP) e da Rlam (Mataripe/BA), que foi violentamente reprimida pelos militares.
A greve dos petroleiros foi deflagrada em 05 julho na Replan e logo em seguida teve adesão dos trabalhadores da Rlam. Foram sete dias de enfretamento. Os militares ocuparam as refinarias, intervieram nos sindicatos, cassaram as direções sindicais e demitiram 358 trabalhadores. Mesmo após a anistia, 55 petroleiros baianos ainda lutam pela reparação total dessa injustiça.
O ato unitário das centrais nesta segunda-feira, 22, lembrará que durante os anos de chumbo diversas empresas contribuíram com a ditadura militar e apoiaram a perseguição de seus funcionários pelos órgãos de repressão, inclusive fornecendo listas com nomes de trabalhadores que poderiam ser considerados “perigosos” para o governo. “Esse evento vai colaborar para sensibilizar as bases, cada entidade, cada dirigente sindical, a buscar informações sobre o período da repressão, ajudando na reconstituição da história para que possamos ao final apresentar um completo e consistente relatório que colabore na reparação política e material a todos os dirigentes sindicais, trabalhadores e familiares de trabalhadores vítimas do golpe”, ressalta Expedito Solaney, secretário nacional de Políticas Sociais da CUT.
O objetivo do Grupo de Trabalho é investigar a repressão política à classe trabalhadora ocorrida durante a ditadura civil-militar que perdurou no Brasil e 1964 a 1985.
Conheça abaixo os pontos abordados pelo grupo de trabalho dos trabalhadores na CNV :
1. Levantamento dos sindicatos que sofreram invasão e intervenção no golpe e após o golpe;
2. Investigação de quantos e quais dirigentes sindicais foram cassados pela ditadura civil-militar;
3. Quais e quantos dirigentes sindicais sofreram prisão imediata ao golpe;
4. Levantamento da destruição do patrimônio documental e físico das entidades sindicais;
5. Investigação sobre prisões, tortura e assassinatos de dirigentes e militantes sindicais urbanos e rurais;
6. Vinculação das empresas com a repressão;
7. Relação do serviço de segurança das empresas estatais e privadas com a repressão e atuação das forças armadas;
8. Legislação antissocial e anti-trabalhadores (lei de greve, lei do arrocho salarial, lei do fim da estabilidade no emprego, entre outras);
9. Levantamento da repressão às greves;
10.Tratamento dado à mulher trabalhadora durante a repressão;
11.Levantamento dos prejuízos causados aos trabalhadores e suas entidades pelo regime militar para reparação moral, política e material.