Uma semana após o Ministério Público da Suíça ter confirmado às autoridades brasileiras que o presidente da Câmara dos Deputados Federais, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), tem contas secretas bloqueadas no exterior, nenhuma manchete sobre isso foi capa dos jornais ou revistas semanais. Principal articulador da oposição e dos golpistas que lutam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, Cunha conta com a simpatia e o apoio da mídia comercial, que continua blindando o parlamentar, mesmo diante de todas as evidências contra ele.
O fato é gravíssimo, principalmente porque Eduardo Cunha é o terceiro nome na linha sucessória da Presidência da República. Além disso, as autoridades suíças comprovaram que ele mentiu descaradamente em seu depoimento para a CPI da Petrobrás (ele é acusado de receber propinas nos esquemas de corrupção) e nas contas prestadas à Receita Federal e à Justiça Eleitoral.
A seletividade da mídia na cobertura política é mais do que notória. Os mesmos meios de comunicação que fazem uma campanha diária para desestabilizar o país e tentar derrubar a presidente Dilma se calam diante das graves denúncias contra Cunha. A ombudsman da Folha de São Paulo (responsável por fazer uma análise crítica das matérias publicadas) condenou a omissão do jornal, lembrando que esse “escândalo” seria “digno de manchetes bombásticas em qualquer democracia”.
Se por um lado a mídia alivia a cobertura de fatos que podem resultar no afastamento do presidente da Câmara, por outro a oposição se finge de desentendida, enquanto pisa no acelerador do impeachment. O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio, que age compulsivamente pelo afastamento da presidente Dilma, chegou a declarar que Eduardo Cunha merece o “benefício da dúvida”. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Fonte: FUP