8 de Março de 2009 – Um Outro Mercosul é Possível
Iniciamos o mês com o vitorioso ato internacional do dia 08/03 em Santana do Livramento, realizado a partir da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, e dos movimentos feministas, principalmente da Marcha Mundial das Mulheres. Foram mais de cinco mil pessoas, mulheres e homens, que estiveram presentes na fronteira do Brasil com o Uruguai, exigindo ações concretas dos Governos dos países que compõe o MERCOSUL que venham no sentido de alterar as precárias condições enfrentadas pelas mulheres em todos os âmbitos da sociedade.
Este ato foi um grande exemplo do reconhecimento de que a unidade dos movimentos sindical e feminista é fundamental para avançarmos em nossa crítica a esse modelo de sociedade, capitalista e patriarcal, que explora a classe trabalhadora como um todo, mas de maneira diferenciada homens e mulheres. Trouxemos como eixos prioritários questões que estão presentes no cotidiano da vida das mulheres, e que são fundamentais para a superação do atual modelo de nossa sociedade: a igualdade salarial entre homens e mulheres, o fim da violência sexista, a legalização do aborto e a conquista da soberania alimentar.
Igualdade de Oportunidades na Vida, no Trabalho e no Movimento Sindical
Ainda no mês de março realizamos uma outra atividade que certamente será um marco na política de gênero da CUT: o relançamento nacional da Campanha "Igualdade de Oportunidades na Vida, no Trabalho e no Movimento Sindical". Com esse lançamento, que ocorreu durante reunião da direção nacional da CUT, o conjunto de nossa Central reafirmou seu compromisso com a luta das mulheres trabalhadoras por igualdade. Representantes de entidades e movimentos sociais nacionais e internacionais estiveram presentes, em mais uma demonstração de que é somando às forças de todos aqueles e aquelas que querem de fato uma transformação social é que conseguiremos construir uma sociedade que seja justa e sem nenhum tipo de discriminação e exploração.
Ao longo do desenvolvimento da Campanha serão traçadas uma série de políticas que terão como pontos fundamentais: a luta por igualdade salarial, por creches públicas, pela ampliação da licença maternidade e paternidade, pela ratificação da Convenção 156 da OIT, no combate à violência e ao assédio moral e sexual, pela legalização do aborto, a efetivação das cotas de gênero, e a realização de cursos de formação e campanha de sindicalização com foco nas mulheres. É tarefa de cada Sindicato, Confederação, Federação e CUT Estadual organizar ações que se incorporem na agenda da Campanha, que sejam realizadas em conjunto com outras entidades do movimento de mulheres, para que nossa Campanha esteja presente e seja implementada em todo o país.
30 de Março – "Trabalhadores e Trabalhadoras não Pagarão pela Crise"
Encerrando o mês de março as mulheres novamente sairão às ruas. Sob o lema central "Trabalhadores e Trabalhadoras não pagarão pela Crise", convocamos todas as trabalhadoras a somarem-se ao ato do Dia Nacional de Mobilização, construído em conjunto com as demais Centrais Sindicais e movimentos sociais.
Reafirmamos que para enfrentar a crise do modelo capitalista, em uma saída que leve em conta também a luta das mulheres, são necessárias mudanças em relação à divisão sexual do trabalho, que rompam com a diferenciação e hierarquização do trabalho produtivo e reprodutivo de homens e mulheres.
Por mais que a participação das mulheres no mercado de trabalho venha em uma tendência crescente nas últimas décadas, são elas ainda as responsáveis por todo o trabalho de reprodução e de cuidado. Neste momento de crise as mulheres já estão sendo obrigadas a cumprir mais sobrecarga de trabalho, uma vez que, devido a necessidade de contenção de recursos, alguns serviços que eram adquiridos no mercado voltam a ser produzidos no âmbito doméstico, sob a responsabilidade das mulheres, caso, por exemplo, do preparo de refeições e do cuidado com as crianças e idosos.
É também resultado perverso desta crise o nítido aumento do trabalho precarizado e informal, principalmente entre as mulheres e a juventude, além do aprofundamento da diferenciação salarial entre homens e mulheres. Pesquisa do DIEESE relativa ao ano de 2008 mostra que enquanto o rendimento médio real por hora dos homens aumentou, para as mulheres esse rendimento caiu. Em São Paulo, por exemplo, as mulheres recebem em média R$ 5,76 por hora trabalhada, enquanto que os homens recebem R$ 7,53.
Esta crise é a oportunidade que temos para o questionamento radical da ideologia neoliberal, indispensável para derrotarmos o capitalismo. É papel dos movimentos sociais a construção de processos que levem à alternativas estruturais, ao invés de rearranjos dentro da lógica do modelo que está falido. Neste modelo alternativo as mulheres precisam estar contempladas, já que não há socialismo sem feminismo!