Articuladores do MOVA Brasil conhecem projeto social em aldeia africana

Os dirigentes da FUP e os articuladores do projeto MOVA Brasil (projeto de alfabetização de jovens e adultos que tem participação da FUP, Petrobrás e Instituto Paulo Freire)…





 

 Imprensa da FUP

Durante o Fórum Social Mundial em Dacar, os dirigentes da FUP e os articuladores do projeto MOVA Brasil (projeto de alfabetização de jovens e adultos que tem participação da FUP, Petrobrás e Instituto Paulo Freire) foram conhecer um projeto social desenvolvido por um casal de brasileiros que vive em uma aldeia do interior do Senegal. Irmão de uma das monitoras do MOVA no Ceará, Erasmo Santos, 43 anos, mudou-se em 2005 para o Senegal, onde sua esposa Salete Andrade, 45 anos, já vivia desde 1998. Os dois moram com dois filhos em Bayakh, uma vila distante 50 quilômetros da capital Dacar. Lá eles desenvolvem um projeto que mobiliza as crianças da comunidade e toda a aldeia vizinha, chamada Mbissao, onde vivem aproximadamente 1.200 senegaleses. Todos mulçumanos.

De forma espontânea e sem apoio do Estado ou de entidades não governamentais, Salete e Erasmo têm feito a diferença para centenas de famílias que vivem nos dois lugarejos e nas vilas vizinhas. Aliando futebol – a grande paixão das crianças – a projetos comunitários de educação e saúde, os dois brasileiros comprovam na prática que, com ativismo e solidariedade, é possível sim construir um novo mundo.

Como na grande maioria das vilas do Senegal, o povo de Bayakh e Mbissao luta contra a fome e a extrema miséria. “Precisamos de todo tipo de ajuda e apoio para que possamos ter um pouco de estrutura que viabilize outros projetos que pretendemos realizar aqui”, comenta Salete, enfermeira que também atua como educadora e é o principal elo entre os povos das duas aldeias. O trabalho do casal de brasileiros é tão necessário que eles são os únicos estrangeiros que tiveram a permissão dos chefes religiosos para se estabelecerem nas vilas.

O grande sonho de Erasmo e Salete é concluir a construção de um centro social e esportivo em Mbissao, onde já conquistaram o terreno e os alicerces da casa, que poderá abrigar 40 crianças da região e das vilas vizinhas para que aprendam futebol e outros esportes, além de terem aulas regulares e cursos profissionalizantes. “Tudo o que o povo africano precisa é de oportunidades, uma chance de comprovarem seu potencial, tendo acesso à educação e ao conhecimento”, afirma Erasmo, professor de educação física, que já atuou no Brasil como jogador profissional e técnico de futebol no Ceará.

O senegalês Frank Dagba, 37 anos, um dos parceiros dos brasileiros no projeto social que desenvolvem, ressalta que o “Brasil é um exemplo para a África porque cresceu, saiu da pobreza e está se desenvolvendo”. “A educação é a base e temos que nos mirar no povo brasileiro para mudar nossa realidade”, declarou. Os articuladores do MOVA ficaram bastante impressionados com a experiência. “O fato de conhecermos outras realidades, outros povos, serve como referência para dimensionarmos o quanto avançamos através do MOVA e o quanto ainda precisamos fazer. Não só pelo povo brasileiro, mas também por nossos irmãos africanos”, declarou Gildo Roberto Almeida, técnico de manutenção da Regap (refinaria da Petrobrás em Betim, Minas Gerais) e articulador do projeto de alfabetização no estado mineiro.

Luciomar Machado, técnico de operação da UO-BA e articulador do MOVA na Bahia, destacou que a experiência vivida pelos petroleiros durante a visita as vilas senegalesas deixou “uma reflexão muito profunda em todos nós, seja como sindicalistas e mobilizadores sociais, seja como seres humanos”. “Vivências como estas extrapolam a nossa atuação sindical e isso é muito bom, pois como sindicalistas precisamos de uma visão plural”, declarou.