Após privatização da Eletrobrás, país tem apagão nacional em 25 estados e no DF

Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), reiteradamente avisou as autoridades e a direção da Eletrobras que apagão poderia ocorrer com o desmonte da Eletrobrás após privatização

[Da redação da CUT, com edição da FUP]

Vinte estados do Brasil das regiões Norte, Nordeste e Sudeste e mais o Distrito Federal sofreram um apagão de energia nesta terça-feira (15), a partir das oito e meia da manhã.

Os estados que informaram a falta de energia foram: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

O Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME) ainda não divulgaram a causa do incidente.

O coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, disse ao G1 que a causa do apagão deve ser operacional, pois não há um alerta pela seca, por exemplo, que pudesse impactar a produção e distribuição de energia.

“Apesar do baixo nível de chuva, não estamos em uma situação de seca extrema, principalmente na região Nordeste, que foi onde começou o apagão”, explicou.

Em nota a ONS confirmou “uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu 16 mil MW de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil. Estados do Sudeste também foram afetados”. A causa da queda é apurada e que a recomposição já foi iniciada em todas as regiões e até às 9h16, 6 mil MW já foram recompostos.

Eletricitários avisaram 

Desde que a Eletrobras foi privatizada no ano passado pelo governo Bolsonaro, apesar das denúncias de prejuízos aos cofres públicos com a venda abaixo do preço de mercado, os trabalhadores e trabalhadoras vêm lutando contra desmonte de setores fundamentais para o bom funcionamento da empresa e do atendimento à população, além de ataques aos direitos da categoria.

A possibilidade de um apagão foi por diversas vezes previsto pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) que, inclusive, enviou correspondência ao MME, a NOS e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEE).

“Ainda não sabemos exatamente a causa, mas a falta de pessoal qualificado, após a dispensa de milhares de trabalhadores experientes, a não reposição da mão de obra, os problemas com falta de equipamentos adequados e com a visão da atual direção da Eletrobras em distribuir lucros aos acionistas em detrimento dos investimentos necessários são responsáveis pelo apagão. Exemplos já ocorrem como a  explosão de um transformador de energia da Usina de Tucuruí , no Pará e o apagão que deixou o Amapá às escuras”, diz Nailor Gato, diretor da CNE, que trabalha na Eletronorte.

O diretor da FUP, Tezeu Bezerra, também reforçou os impactos das privatizações em um setor estratégico, como o de energia, e cobrou a reestatização do Sistema Eletrobrás.

O Portal CUT publicou a denúncia dos eletricitários sobre a possibilidade de um apagão, antes da Eletrobrás ser privatizada.

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