Após mobilização, gerência da Rlam volta atrás na parada da U-32

 

 

Após denúncias e mobilizações da FUP e do Sindipetro-BA sobre o desmonte que  a gestão Pedro Parente vem fazendo no parque nacional de refino, a gerência da RLAM (BA) voltou atrás e resolveu suspender a parada da U-32, principal unidade de destilação da refinaria, que estava prevista para acontecer nesta terça-feira (20).  O anúncio oficial foi dado após uma grande mobilização e assembleia dos trabalhadores, que contou com participação do coordenador da FUP, José Maria Rangel, que destacou a importância da interação entre a base e o Sindicato, o foi fundamental para a vitória dos petroleiros. 

“É importante nos mantermos mobilizados, pois esse movimento de avaliar o mercado para tomar decisões a respeito do fechamento ou não de unidades começará a atingir todas as refinarias da Petrobras, isso já está muito claro”, destacou o coordenador da FUP.  “A tentativa da Petrobrás de fechar a unidade de destilação da RLAM é fruto de uma política deliberada de privilegiar os importadores de derivados, o que traria para a sociedade um aumento significativo nos custos da gasolina e do óleo diesel”, alertou. 

Após a assembleia, uma comissão escolhida pelos trabalhadores se reuniu com a gerência, que oficialmente deu a informação sobre a suspensão da parada da U-32. Para o coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, “fechamos com chave de ouro esse processo e o nosso trabalho de comunicação teve um efeito fundamental para esse êxito, pois conseguimos a partir da matéria que elaboramos com a participação da categoria, uma repercussão de âmbito nacional e internacional, que fez com que a própria diretoria de refino e gás  natural da Petrobrás, reavaliasse  essa decisão de parar uma unidade tão importante como a U-32, aqui na Bahia”.

Inclusive, completa Deyvid “ia ficar estranho para a sociedade brasileira entender o porquê  da  Petrobrás parar  uma unidade de refino, favorecendo apenas importadores, principalmente, internacionais,  tendo em vista que o nível de importação está aumentando muito e o preço do diesel e da gasolina subindo”.  

Diesel já representa 40% de todos os derivados importados

A U-32, unidade da Rlam que está sob ameaça de fechamento, produz óleo diesel, cujos estoques nacionais estão sendo substituídos pelos importados, fruto da política de precificação dos derivados que deixou o mercado brasileiro nas mãos da OPEP e vem fazendo a festa das empresas importadoras.  Na Bahia, o volume de óleo diesel importado representava apenas 4% do total consumido em 2016. Hoje, já responde por 22%. A Rlam, que em 2014 processava mais de 300.000 barris diários de petróleo, hoje refina cerca de 190.000, o que representa 51% da sua capacidade instalada. Situação que se repete em outras unidades de refino da Petrobrás, fruto de desmonte causado pela atual gestão da empresa.

“As importações de derivados batem recordes jamais vistos, graças aos gestores da Petrobrás que, deliberadamente, abrem mão de receitas e cortam investimentos nas refinarias, com o objetivo de privatiza-las”, alerta o coordenador da FUP, José Maria Rangel.  

Segundo dados de novembro da ANP, 207 milhões de barris de derivados foram importados em 2017, o maior volume já registrado pela agência. A importação de óleo diesel, o principal combustível comercializado no país, cresceu 64% em relação ao ano anterior e já representa cerca de 40% de todos os derivados estrangeiros que chegam ao Brasil.

Além dos EUA, que lideram as importações, vários outros “players” internacionais estão ocupando o mercado nacional, às custas da nossa soberania. É o caso da Rússia e de países do sudeste asiático, como a Cingapura, Tailândia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Brunei, Laos e Camboja (os chamados Asean), que, antes de 2017, não exportavam diesel para o Brasil e agora já são responsáveis por mais de 8% das importações do país.

“Em 2017, foram importados 82 milhões de barris de óleo diesel, frente a uma necessidade de 90 milhões de barris. Ou seja, as refinarias já estão utilizando os estoques para alimentar o mercado interno. Isso é fruto da política de subutilização da produção do parque nacional de refino. Nossas refinarias têm capacidade de atender muito mais ao mercado interno, já que sua produção está se transformando em estoque”, alerta o economista Rodrigo Leão, coordenador do Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas para o Setor de Óleo e Gás da FUP (Geep).

Na contramão da soberania

A gestão Pedro Parente jogou no lixo todo o esforço da Petrobras de expandir o seu parque de refino e está tornando o país novamente dependente das importações. Em 2013, a nossa necessidade de importação de óleo diesel era de 15%. Atualmente, já beira os 26%. A própria ANP estima que o Brasil terá um déficit na importação de derivados de 1,1 milhão de barris por dia em 2030. “A resistência da categoria petroleira é a única forma de preservarmos o que ainda resta do Sistema Petrobrás e garantirmos a soberania nacional e empregos para o povo brasileiro”, destaca José Maria Rangel.

FUP, com informações do Sindipetro-BA