Após acidentes, ANP diz que refinarias terão fiscalização mais rígida

 

O Globo, por Ramona Ordoñez

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai tornar mais rígida a fiscalização nas refinarias da Petrobras com a adoção de normas e exigências semelhantes às adotadas nas plataformas de exploração e produção de petróleo. A ANP informou que até o fim deste mês vai publicar uma resolução que estabelece a adoção de um Regime de Segurança Operacional nas refinarias.

Essa nova sistemática na fiscalização vem sendo estudada pela ANP desde 2012. Mas segundo uma fonte da área técnica, as novas regras vêm num momento em que têm ocorrido muitos acidentes em diferentes refinarias da estatal. Para especialistas e sindicalistas, o aumento dos acidentes, como um incêndio na Repar (refinaria do Paraná) em novembro do ano passado, e outro no último sábado na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), se deve ao fato de a Petrobras estar operando as unidades perto da capacidade máxima, em muitos casos acima dos 90%.

O presidente do Sindipetro-Caxias e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi, afirmou que os acidentes que vêm ocorrendo em várias refinarias não são casuais, mas resultado de uma política de corte de custos, com a redução da manutenção nas refinarias. As unidades, por sua vez, estão operando a plena carga, numa tentativa da Petrobras de reduzir os gastos com importação de derivados de petróleo. Segundo o sindicalistas, ocorreram incêndios também nas refinarias de Manaus e Mataripe, na Bahia.

– Isso não é aleatório, é fruto de uma política de falta de investimentos na manutenção. A fiscalização do Ministério do Trabalho já encontrou equipamentos com a validade vencida em operação na Reduc. Desde novembro já ocorreram três outros acidentes, antes desse na unidade de coque – denunciou Zanardi.

Procurada, a Petrobras não se pronunciou sobre o assunto. A ANP disse que a expectativa é que a unidade de coque, que pegou fogo na Reduc, volte a operar na quarta-feira. A refinaria está funcionando normalmente, mesmo com a unidade de coque sem operar. Isto porque essa unidade pega os chamados resíduos de vácuo, que serviriam apenas para fazer asfaltos, e produz gasolina, diesel e GLP.

Um consultor de refino, que prefere não se identificar, disse que, quando uma refinaria opera acima de 90% de sua capacidade, aumenta o risco de acidentes, mesmo com todas as regras de segurança sendo cumpridas.