Apesar de queda na produção, Petrobrás deverá atingir seu melhor resultado desde 2011

 

A Petrobras divulgará nesta quarta (27/11) o seu balanço anual de 2018. A expectativa é de que a empresa obtenha uma expressiva expansão dos lucros que deverão alcançar o patamar em torno de R$ 30 bilhões, segundo estimativa do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), desde que despesas excepcionais, como gastos envolvendo a Fundação de Previdência (Petros), não afetem o resultado da companhia. 


Segundo estimativas do Ineep, a geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), também deve subir em 2018 alcançando o valor de R$ 113 bilhões, alta de 42% na comparação com o ano anterior.


Esse provável resultado favorável ocorrerá mesmo com a redução da produção de petróleo e gás de 5,5% (de 2.154 milhões de barris por dia em 2017 para 2.035 milhões de barris por dia em 2018) que não conseguiu se elevar apesar da entrada em operação de quatro novos sistemas de produção. Cabe observar que essa é a maior queda anual na produção de petróleo desde 2003 e abaixo da meta estipulada pela Petrobras de 2.100 milhões de barris por dia em 2018. Essa diminuição ocorreu em virtude da venda de campos em operação (política de desinvestimento) – como, por exemplo, a venda de 25% de Roncador para a petroleira norueguesa Equinor (ex-Statoil) – e da produção inferior dos campos maduros do pós-sal com a redução dos investimentos.


No entanto, essa queda foi muito mais que compensada pelo aumento de 51% no preço do petróleo em reais, entre 2017 e 2018, explicado pelo crescimento de 32% no preço do barril Brent e da desvalorização cambial de 14%. Com isso, o aumento das receitas de vendas foi de R$ 63 bilhões, saindo de R$ 283 bilhões em 2017 para R$346 bilhões em 2018, segundo estimativas do Ineep, sobretudo na área de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás.


Cabe fazer um destaque sobre a situação do de abastecimento, cuja receita de vendas estimada deverá elevar-se em 25,6% em 2018, no cotejo com o ano anterior, segundo estimativas do Ineep. No mercado nacional, a receita de vendas de derivados da Petrobras deverá crescer 26,5%, fruto exclusivamente do aumento dos preços internos dos derivados (que acompanharam a subida do preço do Brent), pois as suas vendas deverão apresentar queda de 4%.


Deve-se observar que a mudança na estratégia do refino da Petrobras, em curso desde o 2º trimestre de 2018, após a greve dos caminhoneiros, quando a empresa passou a desempenhar um papel ativo, deslocando a importações de terceiros e ampliando a carga processada das refinarias, permitiu a empresa auferir maiores margens e lucros como observadas nos balanços do 2º e 3º trimestres de 2018. 


No entanto, com o incêndio ocorrido na Replan, maior refinaria do país, fez-se necessário reduzir, em quase pela metade, o seu nível de utilização. Isso implicou numa menor produção de diesel e gasolina (nos 3º e 4º trimestre de 2018), provocando um aumento da importação de derivados pela Petrobras que deverá se refletir na redução das margens da área de abastecimento. Além disso, a expansão do preço do petróleo também reduz as margens do refino, uma vez que o petróleo é um insumo básico para a produção de derivados.


Pelo lado do endividamento, os resultados do balanço deverão sinalizar a política em curso de acelerada desalavancagem. Com o provável aumento do Ebitda ajustado e o processo de desinvestimentos (para adiantar pagamentos de dívidas) a relação dívida líquida Ebitda deverá cair em 2018, mesmo com a desvalorização cambial que eleva a dívida em reais.


Os possíveis resultados operacionais e financeiros do balanço de 2018 da Petrobrás devem evidenciar uma melhora do cenário externo (aumento do preço do Brent), e do perfil da dívida. Todavia, com a política de desinvestimentos em curso, deve evidenciar também que a empresa perdeu a oportunidade de auferir resultados operacionais ainda mais expressivos. Nesse novo contexto, caberá questionar o sentido de continuar com uma estratégia de desinvestimento tão acelerada, inclusive de campos do pré-sal, que são fundamentais para geração de caixa presente e futura da Petrobras.


Em todo caso, as promissoras perspectivas na produção de petróleo, principalmente por conta do pré-sal, devem garantir um futuro promissor à empresa, desde que não ocorreram novas turbulências no mercado internacional que reduzam o preço do barril do petróleo. E, atual situação da empresa, já permite uma nova ascensão dos seus investimentos, mas isso dependerá de uma visão estratégica da nova gestão da companhia.

[Via Blog do INEEP]