Do G1
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontou a Petrobras e a BW Offshore como responsáveis pelos erros que desencadearam a explosão do navio-plataforma Cidade São Mateus, no Litoral deAracruz, no Espírito Santo. A explosão aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2015 e deixou 9 mortos e 26 pessoas feridas.
O relatório da ANP, divulgado nesta quinta-feira (17), mostra que foram as falhas do sistema de gerenciamento de segurança operacional e o não cumprimento de normas ligadas ao controle de riscos eram de responsabilidade da empresa.
O documento revela que foram descobertas 28 falhas, que estão relacionadas à estocagem inadequada de condensado, degradação do sistema de cargas, equipes de trabalhadores despreparadas, operações equivocadas, equipamentos impróprios, exposição dos trabalhadores ao risco, além da adoção de materiais inadequados em uma atmosfera explosiva.
Segundo o relatório, os erros já estavam sendo cometidos anteriormente à data da tragédia. Um exemplo disso foi a instalação um ano antes de uma peça (denominada raquete) em uma das válvulas da embarcação.
O uso inadequado desse item fora do padrão fez com que houvesse o vazamento do condensado, que resultaria posteriormente na explosão.
“Evidenciou-se que decisões gerenciais tomadas pela Petrobras, Prosafe e BW Offshore (operadora da instalação), ao longo do ciclo de vida do FPSO Cidade de São Mateus, introduziram riscos de forma não gerenciada à operação da plataforma.
Os riscos introduzidos criaram as condições necessárias para a ocorrência deste acidente maior”, concluiu a ANP em seu relatório.
Problemas como o despreparo das equipes e a falta de procedimentos formalizados em casos de emergência potencializaram a tragédia. Após a explosão, pessoas chegaram a ser designadas para funções distintas daquelas previstas em situações de risco.
A resposta à emergência também foi comprometida com a demora no resgate. Não havia nenhum helicóptero de prontidão para realizar missões de salvatagem aeromédica. E a lista para a contagem das pessoas para o abandono do navio estava desatualizada e prejudicou o embarque nas baleeiras.
Após constatar as irregularidades, a ANP instaurou processos administrativos que podem resultar em multas milionárias para a concessionária e a operadora do campo. Procuradas, a Petrobras e a BW Offshore não se manifestaram.
Polícia Federal
Na quarta-feira (16), a Polícia Federal indiciou quatro funcionários da BW, todos estrangeiros, por homicídios doloso e culposo, além de lesão corporal.
Segundo a Polícia Federal, a partir de diligências e exames periciais, foi possível verificar a prática criminosa.
Em relação ao evento da explosão, foi concluído que não houve qualquer participação da Petrobras.
A polícia explicou que o gerente da plataforma era o responsável pela aprovação de todas as decisões do navio e ele possuía todos os elementos necessários para prever o resultado ocorrido.
“Ele sabia de tudo e todas as decisões passavam pelo crivo dele”, disse o chefe da Delegacia de Defesa Institucional da Polícia Federal no Espírito Santo e responsável pela investigação, Leonardo Rabello.