Associação vê com cautela nomes indicados pelo governo e afirma que novos conselheiros devem pautar sua atuação pela defesa intransigente dos interesses da Petrobras, com foco não somente na rentabilidade do curto prazo, mas no crescimento da companhia em médio e longo prazos, com geração de emprego e renda e compromisso social
Leia a íntegra da nota:
[Comunicado da Anapetro]
A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) vê com cautela os nomes indicados nessa segunda-feira (8/3) pelo governo federal para compor o Conselho de Administração (CA) da companhia. Por isso, a entidade vai acompanhar de perto a atuação dos novos integrantes, caso sejam eleitos na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas, ainda sem data definida.
“Pelo perfil dos indicados, a princípio o presidente Jair Bolsonaro parece querer acalmar o mercado após o ‘furacão’ que ele provocou no anúncio das mudanças na Petrobras. Mas a atuação do novo CA é uma incógnita. Seguirá com a política de venda de ativos a preços abaixo do mercado, como no caso da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), colocada em prática por Roberto Castello Branco, ou vai parar o processo? Vai investigar as denúncias de corrupção que chegaram ao Conselho? Vai analisar os duvidosos acordos que a empresa firmou com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sem exigência por parte do órgão regulador? Vai cobrar da nova direção da empresa a definição de uma nova política de preços dos derivados?”, questiona o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot.
A Anapetro reforça que os novos conselheiros devem pautar sua atuação pela defesa intransigente dos interesses da Petrobras, com foco não somente na rentabilidade do curto prazo, mas no crescimento da companhia em médio e longo prazos, com geração de emprego e renda e compromisso social. São fatores que marcaram a Petrobras em seus quase 70 anos de história.
“O Conselho de Administração anterior, onde os representantes da União foram escolhidos a dedo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e Roberto Castello Branco, aprovou a saída da empresa de setores estratégicos, com a venda de vários ativos, na contramão do observado nas maiores empresas de petróleo internacionais, privadas ou públicas, que buscam integrar as atividades e investir em energias renováveis. Tudo o que a Petrobras deixou de fazer”, avalia Dal Zot.
PERFIL DOS INDICADOS
Dos seis nomes indicados, um já faz parte do atual CA da companhia, Eduardo Bacellar Ferreira, militar aposentado e atual presidente do conselho.
Joaquim Silva e Luna, militar aposentado e atual presidente da parte brasileira da Itaipu Binacional, que o governo indicou para substituir Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras, é outro dentre os seis nomes.
Dois novos conselheiros são ex-funcionários da Petrobras que há décadas saíram da empresa e foram trabalhar na iniciativa privada em empresas concorrentes e/ou que prestavam serviços para a estatal: Marcio Andrada Weber e Murilo Marroquim de Souza, engenheiro e geólogo, respectivamente.
O militar aposentado e ex-professor de engenharia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, Ruy Schneider, tem passagens nos conselhos de administração de diversas empresas, inclusive bancos de investimento, tendo atuado, inclusive, como consultor do Banco Central. Atualmente é o presidente do CA da Eletrobras.
Por fim, Sonia Júlia Villalobos foi a única mulher indicada e esteve no CA da Petrobras até junho de 2000, quando renunciou ao cargo. Eleita na AGE de abril de 2018 com o apoio dos acionistas preferencialistas, pediu para sair antes do término do mandato. Sua volta após a demissão de Castelo Branco pode explicar um pouco o motivo de sua renúncia. Sonia é uma representante do capital financeiro, que pode encontrar em Ruy Schneider um parceiro nessa representação. Dessa vez, ela foi indicada pelo Ministério da Economia.