Águas de corrupção


São tantos os esquemas conhecidos informalmente em todos os cantos onde grandes somas de dinheiro são movimentadas, e, durante tanto tempo, estes esquemas foram tão naturalizados, que a cada operação da Polícia Federal tem-se a sensação de que estamos diante de notícias de Marte, ou de Júpiter.

 

Na Petrobrás, não foram poucos os bagrinhos que, em momentos passados, pagaram por tubarões. E agora, com a Operação Águas Profundas, esta realidade começa a mudar.

 

Todo trabalhador conhece ou já ouviu falar em algum esquema com grandes empresas contratadas pela Petrobrás. O problema era provar. E, além disso, crer que alguma punição aos verdadeiros responsáveis fosse se dar.

 

O próprio sindicato, a despeito de, vez por outra, como qualquer trabalhador, tomar ciência de suspeitas neste campo, sempre foi obrigado a portar-se com cautela, pelo simples motivo de que não poderia acusar sem provas.

 

Nesta semana, no entanto, para o bem da cidadania, pelo menos um grande esquema veio à superfície. E um detalhe importante é que, de acordo com o noticiário da imprensa, a Petrobrás sabia que as investigações estavam sendo feitas, e nada fez para atrapalhá-las — nem mesmo vazar o alerta para os investigados.

 

As informações deram conta de que prisões foram feitas em várias cidades do Estado do Rio, incluindo Macaé. “De acordo com o procurador da República Carlos Alberto Aguiar, os funcionários da Petrobras repassavam informações privilegiadas para a Angraporto Offshore, o que permitia a fraude nas licitações”, informou o Portal Folha Online.

 

Este episódio mostra bem a diferença no tratamento que o governo Lula vem dando aos casos de apuração de corrupção, diferenciando-se, e muito, de governos passados. Não tem sido possível — e, a rigor, nunca o será — evitar que a corrupção aconteça. Mas pela primeira vez todas as condições para que a Polícia Federal e o Ministério Público façam o que devem fazer estão sendo dadas, inclusive promovendo baixas dentro do próprio governo.

 

Este é o verdadeiro espírito republicano que deve servir de base para as democracias. Só se incomoda com isso quem está saudoso das estruturas do passado.