Desde a zero hora desta sexta-feira (24), petroleiros de todo o país estão de braços cruzados. As atividades ficarão interrompidas por 24 horas nas unidades operacionais e administrativas do Sistema Petrobrás. A greve de advertência acontece 20 anos após o histórico movimento de maio de 1995, quando a categoria parou por 32 dias e impediu a privatização da empresa.
Novamente, os petroleiros estão prontos para o enfrentamento. Nas assembleias, demonstraram extrema maturidade ao compreender a gravidade do atual momento político do país e os riscos que a categoria sofre em função dos cortes, venda de ativos e desinvestimentos aprovados pelo Conselho de Administração da Petrobrás e do PLS 131, do senador José Serra (PSDB/SP).
Metalúrgicos, trabalhadores da indústria naval, operários da construção civil, petroleiros terceirizados já estão sofrendo as consequências do desmantelamento que atinge a indústria petrolífera nacional. Milhares de postos de trabalho foram fechados, obras paralisadas, investimentos suspensos. Professores e estudantes também correm o risco de verem fracassar o Plano Nacional de Educação, caso o projeto de Serra siga adiante em seu propósito de mudar a Lei do PréSal e, consequentemente, acabar com o Fundo Social Soberano, cujos recursos garantirão a meta de 10% do PIB para a educação.
A greve nacional desta sexta-feira, 24, portanto, é o inicio de uma árdua batalha que os petroleiros terão pela frente para barrar o PLS 131 e impedir o desmonte da Petrobrás, caso a empresa siga adiante com o novo Plano de Gestão e Negócios, que pretende cortar 89 bilhões de dólares em investimentos e em despesas e colocar à venda 57 bilhões de dólares de ativos.
A LUTA CONTINUA EM BRASÍLIA
Na primeira semana de agosto, quando será finalizado o recesso do Congresso Nacional, os petroleiros voltarão à Brasília para retomar a luta contra o PLS 131, que visa retirar da Petrobrás a função de operadora única do Pré-Sal e acabar com sua participação mínima em 30% dos campos exploratórios.
Há cerca de duas semanas, dirigentes da FUP e de seus sindicatos, junto com petroleiros de várias estados do Brasil e movimentos sociais, fizeram forte pressão no Senado e conseguiram derrubar o regime de urgência do Projeto, que seria votado na segunda semana de julho. Essa foi a primeira batalha ganha em uma luta que só está começando. A mobilização reverteu, em apenas três semanas, um quadro que estava totalmente a favor da aprovação do projeto tucano, que abre caminho para retirar o pré-sal do controle do Estado e entregar essa riqueza às multinacionais. O PLS 131 foi remetido para uma Comissão Especial, que terá 45 dias para debater a proposta entreguista de Serra e, logo em seguida, o projeto retorna ao plenário para apreciação. Portanto, não há tempo a perder. Entre os dias 03 e 07 de agosto, petroleiros de todo o país voltam a Brasília para intensificar a pressão sobre os parlamentares e participarem do Conselho Deliberativo Ampliado da FUP, que definirá os próximos passos da categoria na luta em defesa da Petrobrás e do pré-sal.
Fonte: FUP