Rede Brasil Atual
Os trabalhadores da General Motors em São José dos Campos, no interior paulista, conseguiram a promessa da empresa de que demissões não serão realizadas até 4 de agosto, quando será realizada nova reunião para debater a série de medidas adotadas para reduzir a produção na unidade. Hoje (25), durante reunião na prefeitura, com a presença de representantes do Ministério do Trabalho e Emprego, as duas partes acertaram que devem trazer novas propostas na tentativa de chegar a um consenso sobre o destino da fábrica. Na véspera, a GM decidiu dar licença remunerada para os 7,2 mil funcionários, o que levantou o temor de que até duas mil vagas da seção de montagem possam ser eliminadas.
Os trabalhadores prometeram manter as mobilizações, inclusive com um ato no aniversário da cidade, na próxima sexta (27), e não descartam entrar em greve caso a empresa leve adiante a ideia de fechar parte da linha de produção.
Na visão do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, não existe justificativa para o encerramento de parte das atividades, já que as montadoras retomaram ritmo forte de vendas após a decisão do governo federal de promover uma série de incentivos, entre os quais a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “A GM obteve incentivos do BNDES, a redução de IPI e não há nenhuma justificativa do ponto de vista de vendas, nenhum prejuízo. Nada justifica demitir 2 mil funcionários assim”, diz. O sindicato afirma que não vai aceitar nenhuma demissão pois não há mão de obra excedente, já que houve um programa de demissão voluntária em junho, quando saíram 350 funcionários. A GM não fala oficialmente em cortes.
Para Macapá, é preciso que o governo federal tenha uma atitude mais enérgica com a montadora, já que a contrapartida para a concessão dos incentivos era a manutenção de todos os postos de trabalho. “O governo tem condições de atuar política e economicamente para garantir os postos de trabalho, não pode ser apenas um mediador de reuniões como foi hoje”, disse Macapá. O sindicato prometeu uma caravana a Brasília para cobrar ações da presidenta Dilma Rousseff. A administração municipal também não apresentou propostas, segundo o sindicalista.
Macapá afirmou ainda que não houve avanço em nenhuma das propostas dos trabalhadores. Eles haviam sugerido que a unidade voltasse a fabricar a caminhões e passasse a produzir o veículo Sonic, em vez de a GM importá-lo. Dessa forma, além de garantir os postos de trabalho existentes, seria possível abrir novos. Ambas propostas foram recusadas pela direção da GM, que alegou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não há demanda para produzir o Sonic no Brasil. Hoje a unidade de montagem deixou de produzir o Corsa, além de Meriva e Zafira que já haviam sido interrompidos. O único veículo que seguirá sendo produzido na unidade é o Classic.
Ainda de acordo com a assessoria da GM, a empresa não vai adotar qualquer medida até a próxima reunião, quando pretende apresentar proposta para resolver a questão, conforme teria solicitado às partes o Ministério do Trabalho.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos realiza, desde as 16h, uma assembléia para decidir as próximas ações.