No último dia 29, a reincidência de chuva agravou a situação do acidente ocorrido na Braskem envolvendo um tanque de armazenamento de nafta. Com os ventos e nova chuva, a “lâmina” de espuma (LGE), colocada pela Braskem para conter a vaporização da nafta do acidente no dia 22 último, foi diluída, ocasionando que os vapores do produto fossem para a atmosfera e contaminassem os ambientes de trabalho. Este novo evento provocou, hoje, dia 1º, a retirada de todos os trabalhadores da área, em função dos vapores de nafta que estão na atmosfera no interior da empresa.
Os acidentes tiveram início na madrugada do dia 22, na Braskem/UNIB, no Polo Petroquímico de Triunfo, quando ocorreu o primeiro evento, num tanque que armazena nafta. Este tanque possui um teto flutuante, que adernou fazendo com que o produto (nafta) que estava dentro do mesmo passasse à superfície do teto, ficando em contato com a atmosfera.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo (Sindipolo), Gerson Cardoso, a negligência da empresa colocou em risco os trabalhadores e a comunidade. “Os vapores da nafta são inflamáveis e explosivos, além de causarem inúmeros e graves problemas na saúde dos trabalhadores expostos”, explica o dirigente.
Segundo ele, houve exposições de milhares de trabalhadores ao produto. Parte deles foram monitorados biologicamente para constatar se houve contaminação com os vapores que saíram do tanque. Mas cerca de 1.200 trabalhadores, principalmente os terceirizados, que atuam na construção da obra de ampliação da planta de Butadieno, não foram monitorados conforme prevêem as normas de saúde dos trabalhadores.
De acordo com o dirigente, neste tanque, existem dois drenos para escoamento da água da chuva que fica sobre o teto flutuante. “Destes dois drenos, um já estava inoperante e o outro apresentava defeito. Isto fez com que a água da chuva se acumulasse, causando o adernamento do teto e o vazamento de vapores de nafta para a atmosfera”.
Cardoso alerta que a mesma chuva que causou este acidente, ocasionou ainda contaminação ambiental na medida que efluentes oriundos do processo produtivo transbordaram de outro equipamento, contaminando a última bacia de contenção antes de chegar ao rio Caí. “Este rio é afluente do Guaíba, local de captação de água para os moradores de Porto Alegre e região”, diz ele.
Para o Sindipolo, este acidente poderia ter sido evitado, caso a Braskem tivesse mais responsabilidade com a segurança. As providências tomadas pela empresa, como a cobertura com Espuma (LGE), para evitar vapores tóxicos na atmosfera, são paliativas e apenas amenizam o problema. “A origem do acidente está no fato da Braskem estar sendo relapsa na manutenção, expondo de forma irresponsável os trabalhadores às instalações e até a comunidade, fato que temos denunciado em muitas oportunidades. Além disso, a empresa age com irresponsabilidade, quando não monitora os trabalhadores que estiveram expostos a estes vapores, o que poderá causar graves danos a sua saúde” acrescenta ele.
Recentemente, um episódio envolvendo a Braskem em Alagoas intoxicou, além dos trabalhadores, a comunidade do entorno e rendeu multas milionárias à empresa pelo Ministério Público do Trabalho e órgãos ambientais.
O Sindicato está acompanhando a situação e já contatou a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fepam) denunciando os acidentes, e solicitando fiscalização. Também irá solicitar uma audiência pública na Assembléia Legislativa para tratar das questões de segurança da Braskem