Um acidente na unidade de amônia da fábrica de fertilizantes da Petrobras (Fafen) no final da tarde de domingo (25) causou queimaduras em todo o corpo do operador Manuel Dias Silva Lima, contratado da Nippon. Ele recebeu primeiro socorro no posto médico e foi levado ao Hospital São Rafael, onde continua internado.
Esse não é o primeiro acidente que ocorre em unidades do sistema Petrobras, nas chamadas “paradas de manutenção”, sempre realizadas por empresas terceirizadas. A Nippon é uma delas. Segundo os diretores do Sindipetro Bahia Roberto Assis, Sérgio Neri e Eliezer, que socorreram o operador Manuel Dias, a entidade tem questionado a direção da Petrobras sobre a frequência desses acidentes e denunciando as condições de insegurança em que vivem os trabalhadores terceirizados.
A direção do Sindipetro-BA, após visitar o operador hospitalizado nesta segunda (26), se reúne com a gerência da FAFEN.
Insegurança nas refinarias da Petrobrás expõe riscos aos trabalhadores, comunidades e meio ambiente |
Não é de hoje que os sindicatos e a FUP têm denunciado a insegurança nas refinarias e cobrado da Petrobrás providências em relação à situação caótica em que se encontram diversas unidades. Apesar da ampliação e modernização do parque de refino, a empresa não aumentou, como deveria, os efetivos próprios, principalmente, os técnicos de segurança. Para piorar, algumas refinarias estão tentando retirar esses profissionais do turno, aumentando, ainda mais os riscos, ao deixarem as áreas operacionais descobertas. Na Reduc (Duque de Caxias), alguns técnicos de segurança já foram transferidos para o horário administrativo. Na Regap (Minas Gerais), que tem protagonizado uma série de acidentes, a gerência está tentando fazer o mesmo. A FUP e seus sindicatos têm se mobilizado para impedir essa e outras manobras das gerências que colocam em risco a vida dos trabalhadores, o patrimônio das refinarias, as comunidades vizinhas e o meio ambiente. O caso Chevron deveria servir de lição para a Petrobrás.
Inquérito na Replan
No início de março, o Ministério Público do Trabalho instaurou um inquérito para apurar as denúncias do Sindipetro Unificado-SP e dos trabalhadores da Replan (Paulínia/SP) sobre os riscos devido ao reduzido efetivo da Brigada de Incêndio. Além de permitir que essa equipe atue com número insuficiente de trabalhadores treinados para lidarem com situações de emergência, a Replan não cumpre o seu procedimento interno, nem o ACT, que determinam que a Brigada seja composta por técnicos de segurança.
Redução de custos e de efetivos
Por conta dos resultados negativos acumulados pelo Abastecimento, a Petrobrás tem se utilizado de uma política equivocada de redução de custos, com impactos diretos na segurança, como cortes de treinamento, redução de efetivos, terceirização das equipes de Higiene Ocupacional e até mesmo de algumas brigadas de incêndio. Um dos principais problemas relatados pelos sindicatos é a redução do número mínimo nos turnos, cuja justificativa é atribuída aos cortes de orçamento.
Na Recap (Mauá/SP), os trabalhadores denunciam cenário caótico, com dobras de turno em excesso, em função da redução de efetivos, principalmente nas novas unidades da refinaria, como a H2S, que sofreu incêndio e vazamento recentemente. Na Repar (Paraná), a gerência tentou partir uma caldeira com apenas quatro grupos de turno, desrespeitando a jornada de trabalho garantida pelo ACT. A manobra só não foi adiante devido a uma incisiva intervenção do Sindipetro-PR/SC, que fez a gerência recuar e manter os cinco grupos de turno.
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