Em entrevista à TV 247 nesta segunda-feira, 11, o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, falou sobre o acelerado processo de desmonte do Sistema Petrobrás e as perspectivas para 2021. “Como sabem, o movimento petroleiro sempre esteve na luta e agora, mais que nunca, precisamos mobilizar todos os setores. Teremos novas paralisações em 2021, como uma greve já aprovada na Bahia para deter a privatização da Rlam e outras mobilizações que a categoria petroleira aprovou em dezembro. Mas é obvio que sozinhos não conseguiremos impedir as privatizações”.
“Precisaremos do apoio e da participação de outras categorias, como os trabalhadores de todas as empresas públicas e estatais que também estão sendo desmontadas pelo atual governo. Mas, principalmente, precisamos que a sociedade brasileira, que já se posicionou contra as privatizações em inúmeras pesquisas de opinião, comece a se indignar contra o que está acontecendo. Precisamos de todos e todas nessa luta contra o desmonte do estado brasileiro executado a toque de caixa por este governo entreguista”, destacou o sindicalista.
Veja os principais trechos da entrevista e assista abaixo a íntegra:
“Sem dúvida alguma, esse ano de 2021 traz uma série de desafios no cenário nacional e em relação à Petrobras. A gestão atual da empresa, comandada por Castello Branco, divulgou um novo plano estratégico para o período de 2021-2025, que sinaliza a ampliação das privatizações e redução ainda maior dos investimentos”.
“Para se ter uma ideia, ao longo dos últimos anos, os investimentos da Petrobrás giraram em torno de 75 bilhões de dólares por ano. Com o novo plano, sofrerá uma redução para algo em próximo a 55 bilhões de dólares/ano. A maior parte dos investimentos será focada no pré-sal, em atividades no eixo Rio-São Paulo”.
“A despeito das necessidades ambientais do planeta, a Petrobrás sinaliza investimentos pífios na transição energética, na contramão do que está sendo feito por outras petrolíferas em todo o mundo. A empresa destinou apenas 1,8% de seus investimentos para energia limpa, enquanto, a Total, petrolífera francesa que também atua no Brasil, investirá 15%, por exemplo”.
“A gestão atual já sinalizou que quer vender absolutamente tudo o que a Petrobrás tem nas regiões Norte, Nordeste, Sul e em parte do Sudeste, onde pretende manter apenas operações no eixo Rio-São Paulo. Os investimentos ambientais previstos no plano de negócios, portanto, serão voltados para esses ativos no eixo Rio-SP, onde até poderá ter certos controles para reduzir impactos ambientais. O restante da empresa, no entanto, ficará a cargo de quem comprar. Que isso fique claro para a sociedade brasileira e também para os investidores”.
“A intenção da gestão Castello Branco é vender até o final de 2021 todas as oito refinarias anunciadas no plano de privatização. Nós continuaremos resistindo, como já estamos fazendo há anos, com mobilizações, interlocuções com os poderes legislativos e executivos dos estados e municípios afetados, além de inúmeras ações judiciais”.
“A venda das refinarias vai criar monopólios privados regionais, que deixarão a população refém do capital internacional, que vai praticar preços mais altos do que os que já estão sendo pagos pelo consumidor, além de colocar o país em risco de desabastecimento. Não somos só nós que estamos dizendo isso, são estudos técnicos do Ineep e da PUC Rio”.
“Por conta da política de preço de paridade de importação (implementada logo após o golpe de 2016), o aumento descontrolado de derivados, como o gás natural e o diesel, inviabilizam setores estratégicos da economia, além de afetar massivamente a população, como é o caso do gás de cozinha”.
“Por conta do desmonte do Sistema Petrobrás, os efetivos próprios e terceirizados foram reduzidos de forma assustadora. Os PDVs reduziram à metade o quadro de trabalhadores próprios, onde éramos mais de 80 mil em todo o Sistema e hoje somos 46 mil na Petrobras. No caso dos terceirizados, nós caímos de 430 mil trabalhadores para cerca de 100 mil trabalhadores. Esses trabalhadores foram sumariamente demitidos. Se ampliarmos para a cadeia produtiva que a Petrobrás engloba, esses números ultrapassam 2 milhões de trabalhadores afetados pelo desmonte da empresa e pela desindustrialização”.
“Iniciamos o ano de 2020 com uma grande greve nacional, que marcou a história não só da categoria petroleira, como da classe trabalhadora brasileira, principalmente, nesse cenário de autoritarismo”.
“Em 2021, teremos novas paralisações, como uma greve já aprovada na Bahia para deter a privatização da Rlam e outras mobilizações que a categoria petroleira aprovou em dezembro. Mas é obvio que sozinhos não conseguiremos impedir as privatizações. Precisaremos do apoio e da participação de outras categorias, como os trabalhadores de todas as empresas públicas e estatais que também estão sendo desmontadas pelo atual governo. Mas, principalmente, precisamos que a sociedade brasileira, que já se posicionou contra as privatizações em inúmeras pesquisas de opinião, comece a se indignar contra o que está acontecendo”.
“Acreditamos que no final da pandemia, com a vacina que virá, haverá grandes manifestações de rua em todo o Brasil e, com certeza, a FUP e os seus sindicatos estarão juntos em todas estas lutas”.
[Imprensa da FUP, com informações da TV 247]