Desde que foi deflagrada, em março do ano passado, a operação Lava Jato vem cumprindo um papel que a cada dia fica mais claro para os brasileiros que não se deixam enganar pela mídia comercial. Ex-diretores e ex-gerentes da Petrobrás, assim como os executivos de empreiteiras envolvidos nas denúncias de corrupção, foram beneficiados por delações muito bem premiadas, que atendem a mil e um interesses de setores nem um pouco interessados em romper com a velha estrutura que alimenta corruptos e corruptores: o financiamento privado de campanhas eleitorais.
A Petrobrás, que na última década havia sido fortalecida e transformada numa gigante do setor energético, alterando a correlação de forças na geopolítica internacional, se viu em meio a uma das mais graves crises de sua história, alvo de um massacre diário da mídia e da ação predatória daqueles que sempre estiveram de olho no petróleo brasileiro. Investimentos foram paralisados, ativos estão sendo postos à venda, trabalhadores demitidos e a indústria em frangalhos, em função do desmantelamento de setores da economia que giram em torno da estatal, principal indutora do desenvolvimento nacional.
Por outro lado, corruptos e corruptores, premiados por suas delações, têm sido beneficiados pela Lava Jato, confirmando aquela velha máxima de que o crime compensa. “Paulo Roberto Costa, por exemplo, cara, alma e cofre de gatuno, porta-bandeira da corrupção na Petrobras, fica em prisão doméstica até outubro e, a partir de então, só aos sábados e domingos. Caso sobrevenham outras condenações, está assegurado que não levem à prisão. No lado corruptor, Dalton Avancini, ex-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, fica em casa por uns três anos. Paga por ambos a multa correspondente ao valor que atribuíram às ordinarices em comum, a dinheirama que lhes reste estará em condições perfeitas de legalidade e gozo para o resto da vida”, alertou o jornalista Jânio Freitas, em recente artigo na Folha de São Paulo.
Já os trabalhadores, estes sim, são as maiores vítimas deste circo em que se transformou a Lava Jato, cujos prejuízos para a Nação poderão ser ainda maiores, se os tucanos, protegidos pelo juiz Sérgio Moro, conseguirem emplacar as mudanças no regime de partilha do Pré-Sal. A FUP e seus sindicatos continuarão exigindo punição exemplar para corruptos e corruptores e intensificarão a luta em defesa da Petrobrás e do Brasil. Estão roubando nossos empregos, nossas riquezas e nossa dignidade. Os trabalhadores e a sociedade civil organizada não irão agir como o respeitável público que aplaude um espetáculo circense. É hora de ir à luta.
Fonte: FUP