A próxima vítima da política de (in)segurança da Petrobrás


As vítimas da Petrobrás têm nome: William, Sanderson, Marco Antônio e Rodrigo. Também têm família: esposas, filhos, pais e mães. Mas para a empresa são apenas números. Vão entrar nas estatísticas e serão substituídos por outros trabalhadores, por outra matrícula. Como se fossem um parafuso. Como se fossem uma válvula. Como se não fossem seres humanos. Não se pode admitir que mais mortes continuem ocorrendo. Precisamos dar um basta a essa política de SMS que acidenta, adoece e mata.

 

Nos últimos anos, a única preocupação da Petrobrás na área de segurança foi resguardar seus gerentes de eventuais demandas nas áreas cível e criminal jogando a responsabilidade sobre os trabalhadores. Tantos documentos para assinar, tantos procedimentos para preencher, não se enganem, servem, exclusivamente, para tirar dos ombros da gerência a responsabilidade por quaisquer danos causados a pessoas e coisas.

 

O que o SMS da Petrobrás faz é uma política de papel que não agrega nenhum valor à segurança dos seus empregados próprios e contratados. E a cartolina sempre rasga no ponto mais frágil, que é o dos trabalhadores terceirizados. Estes possuem condições de trabalho muito piores do que os da própria Petrobrás. Por isso, são as vítimas preferenciais de uma empresa que cada vez investe menos em segurança e saúde.

 

A redução do efetivo das unidades operacionais, da manutenção e da segurança industrial, faz com que as tarefas tenham de ser realizadas de forma mais rápida para que se dê conta de parte da demanda. O “jeitinho brasileiro” surge como alternativa para o que não foi possível realizar. O péssimo clima organizacional contribui para piorar o estado emocional dos trabalhadores, que são assediados moralmente e responsabilizados por tudo o que ocorre de errado dentro dos portões da empresa.

 

Destaque-se também a falta de investimento em treinamento. Apenas os apadrinhados de sempre fazem cursos de reciclagem, atualização e novas tecnologias. O peão que se vire e aprenda colocando a “mão na massa”. Para a empresa o que importa é produzir e lucrar, mesmo que à custa da vida e saúde dos seus trabalhadores.

 

Por essas e outras razões, não é surpresa para quem trabalha nas áreas operacionais da Petrobrás que ocorram tantos acidentes e mortes.

 

Resta a pergunta: quem será a próxima vítima? Fique atento, companheiro. A próxima vítima poderá ser você.