O auditório da Câmara de Vereadores de Araucária ficou pequeno para a audiência pública sobre os impactos da privatização da Petrobrás na região. Entidades sindicais do município e de Curitiba, professores, servidores municipais, petroleiros, membros do executivo e legislativo, políticos e cidadãos interessados no tema compareceram em peso na noite de terça-feira (26).
O evento foi proposto pelos vereadores Aparecido da Reciclagem (PDT) e Fabio Alceu Fernandes (PSB), em parceria com o Fórum de Defesa da Petrobrás e os poderes legislativo e executivo de Araucária.
Como desdobramento, os representantes presentes se comprometeram em elaborar coletivamente e enviar documentos explicativos sobre os impactos da privatização da Petrobrás na região. O objetivo é mostrar às autoridades do estado do Paraná e do Governo Federal as razões para defender a permanência das operações da Companhia no estado.
Durante a audiência, representantes do executivo forneceram dados que revelam a atuação da Repar no polo industrial, em Araucária, maior do estado. A refinaria soma sozinha 74% da arrecadação fiscal do polo; além disso, só em arrecadação para o município são outros 55%.
Os números repassados pelos representantes da prefeitura são tão significativos que, ao comparar com outras indústrias, a disparidade é gigantesca. A Berneck, por exemplo, primeira depois da Petrobrás, arrecada 1,5%, seguida pela CSN, 1,4%.
Para o Sindipetro PR e SC, o que está em jogo é a saída total da Petrobrás na região sul do Brasil. O que é considerado uma contradição, já que a companhia foi criada justamente para atender às necessidades dos brasileiros.
“O nome Petrobrás significa petróleo brasileiro. Ela foi criada para o povo. Para desenvolver o país. Tudo que foi construído é voltado para atender nosso mercado”, explicou o dirigente do Sindipetro PR e SC, Roni Barbosa, que fez parte da mesa de palestrantes durante a audiência.
Para o dirigente, um dos problemas mais graves na atual conjuntura é a ausência de transparência, por parte do Governo Federal, que decide o futuro do país a portas fechadas.
Números
Como convidado, Eduardo Costa Pinto, professor e parte do corpo técnico do INEEP, passou aos presentes um panorama geral sobre a questão da soberania energética brasileira e a redução na arrecadação.
Para o professor, o Brasil tem uma posição fundamental na geopolítica do petróleo, é o sétimo no mercado mundial de consumo de derivados e, tem no refino, uma ferramenta para o seu desenvolvimento.
“Desde 2016 a produção nacional foi desacelerada em maior intensidade. É uma estratégia da gestão da Petrobrás para importar derivados. A empresa abriu mão de ganhar mercado e, o que causa estranheza, é que isso é até “anticapitalista””, aponta Eduardo.
Para ele, essa estratégia de venda das refinarias, com a desculpa de abrir mercado para novos entrantes, é falaciosa, assim como “a ideia de que os preços vão cair é uma completa ilusão”, Eduardo completa explicando que o Brasil tem capacidade produtiva, mas deixa de produzir para importar derivados.
“Isso impacta nos royalties, na redução da produção, da diminuição da receita do município e do estado. O preço de derivados tende a aumentar”, completa o representante do Ineep.
Representando o Dieese, o economista Fabiano Camargo da Silva procurou especificar questões relativas ao impacto da privatização da Petrobrás para o Paraná. “É a unidade que mais gera demanda pela sua atividade. De cada 10 atividades de trabalho, 7 são impactados pela operação da refinaria”, explica.
Além disso, a atividade da refinaria em 2018 a coloco como segunda maior contribuinte em ICMS do estado. Sua participação ano passado foi de 11,26%, equivale a R$ 3,4 bilhões dos R$ 30 bi do estado; só perdendo para a Copel em contribuição no Paraná.
[Via Sindipetro-PR/SC]