A força do sindicalismo e a luta que vale a pena

A importância do sindicalismo se mostra em tempos de tantos ataques, quando a organização dos trabalhadores passa a não ser mais uma escolha, mas questão de sobrevivência. Não foi fácil, mas graças à força dos petroleiros conseguimos grandes vitórias.

Acordo Coletivo de Trabalho

Foram quatro anos muito difíceis, com muitos ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Mesmo assim, podemos considerar que tivemos vitórias maiúsculas nos nossos acordos de trabalhos. Entre os funcionários “próprios”, conseguimos fechar um ACT sem perdas de direitos trabalhistas e ainda garantir a reposição da inflação.

Levando em consideração o contexto político em que estivemos inseridos, já sob influência da Reforma Trabalhista do Michel Temer, esse é um resultado que deve sim ser comemorado, embora saibamos que os trabalhadores e trabalhadoras merecem mais e que ainda temos muitas pendências. Resolver a questão do banco de horas para os trabalhadores de turno e do trabalho remoto, para quem é do administrativo, são duas prioridades para o próximo ACT.

No caso dos terceirizados, também tivemos vitórias, apesar da situação ser ainda mais delicada. Para os trabalhadores representados pelo Sindipetro/ES, conseguimos manter os direitos trabalhistas e conseguimos repor a inflação em praticamente todos os contratos. Infelizmente, porém, a realidade é que as empresas estão propondo contratos cada vez mais precarizados.

É com indignação que vemos vários colegas, que são representados por outros sindicatos, sofrendo com a precarização e com a perda de seus direitos. Contra isso nós continuaremos o trabalho de denunciar e de lutar para que seja alterada a forma de licitação, que hoje é por menor preço, tão lesiva aos trabalhadores.

Pandemia

A pandemia do Covid-19 foi sem dúvidas um dos momentos mais sombrios dessa geração. Para a nossa categoria, o período foi especialmente desafiador, uma vez que foi necessário lidar não apenas com a doença e com o descaso das autoridades do então Governo Bolsonaro, mas também com a total falta de zelo de diretores e gerentes da Petrobrás com a vida dos petroleiros e das petroleiras.

Para acompanhar a evolução da doença entre os petroleiros, criamos o Boletim Covid, que tinha o objetivo de atualizar as infecções e possíveis mortes dentro da categoria.

Foi graças a esse acompanhamento constante, junto com a atuação do jurídico do Sindipetro/ES, que obteve liminar favorável aos trabalhadores, a gestão da empresa foi obrigada a realizar a testagem geral a bordo das plataformas P-57 e P-58.

O sindicato também foi autor da ação que determinou que a Petrobrás garantisse o desembarque dos trabalhadores contaminados pela Covid-19, confinados nas plataformas P-57 e P-58.

O Sindipetro/ES também esteve junto dos petroleiros e das petroleiras pressionando a Petrobrás a emitir Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para petroleiros e petroleiras que adquirem a doença no ambiente profissional. A empresa a princípio se recusou a emitir a CAT e foi a pressão jurídica do sindicato que levou a empresa a recuar.

Além disso, por diversas vezes os sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), entre eles o Sindipetro/ES, foram obrigados a denunciar ao Ministério Público a negligência por parte das gerências ao descumprirem os protocolos de prevenção à Covid-19, levando inclusive à aprovação de uma greve que teve como uma das principais reivindicações o cumprimento dos protocolos de segurança.

Petrobrás Fica no ES

A continuidade da Petrobrás no Espírito Santo foi uma das principais bandeiras que o Sindipetro/ES levantou no último triênio. Pensando nisso, criamos a campanha Petrobrás Fica no Espírito Santo, com o objetivo de denunciar as vendas irresponsáveis dos ativos da Petrobrás no nosso estado, além de conscientizar trabalhadores do sistema Petrobrás e o público geral da importância da manutenção da maior empresa do país em solo capixaba.

Nossas ações envolveram desde conversas nas bases com os petroleiros e nas comunidades locais, até uma comunicação integrada, pautando os principais canais de mídia local e também as redes sociais.

Com isso, levamos adiante a mensagem dos custos sociais (a extinção de postos de trabalho e a precarização dos contratos daqueles que continuaram existindo); financeiros (a redução de royalties que seriam repassados ao Estado e aos municípios com a substituição da Petrobrás por empresas privadas) e ambientais (alto risco de acidentes por parte de empresas que não possuem o conhecimento técnico para atuar na área, a exemplo do vazamento de óleo provocado pela Imetame, no Polo Lagoa Parda, em Linhares).

Por tudo isso, a campanha Petrobrás Fica no ES virou uma referência de campanha de conscientização para os Sindipetros de todo o país.

Caravana Petroleira e Brigada Petroleira em Brasília contra a privatização

Para ter efetividade na nossa luta contra as privatizações da Petrobrás, o Sindipetro/ES também investiu em criar relações políticas e institucionais. Com esse objetivo, o sindicato destacou seus diretores para participarem da Brigada Petroleira em Brasília, ação coordenada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Com a anuência dos filiados que aprovaram em assembléia a participação dos diretores, o Sindipetro/ES esteve em Brasília para conversar com congressistas de todos os partidos para conscientizá-los sobre o impacto aos estados, municípios e à soberania nacional das privatizações e, principalmente, pressioná-los a tomar uma posição favorável à população brasileira, ou seja contra a política entreguista bolsonarista.

Mesmo com a conjuntura amplamente desfavorável, a Brigada Petroleira surtiu efeito: além de termos colocado a discussão do PPI na pauta dos congressistas, a pressão exercida impediu que houvesse clima político para a total privatização da companhia, que vale lembrar, esteve em pauta até o último momento no ano passado.

O Sindipetro/ES também se organizou para fazer esse mesmo trabalho dentro do Espírito Santo. A campanha Caravana Petroleira mobilizou vereadores e deputados estaduais para discutir o impacto que uma possível saída da Petrobrás teria aos cofres dos municípios capixabas.

Samba Pela Democracia

Em 2022, nós estivemos firmes na nossa missão de derrotar o governo genocida de Jair Bolsonaro. Pensando nisso, o Sindipetro/ES se uniu a outros sindicatos e movimentos sociais do Espírito Santo para realizar o “Samba pela Democracia”. Ação realizada em agosto foi feita em conjunto com outros eventos nacionais em favor da democracia e contra os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral.

O evento foi aberto à comunidade e ocorreu na quadra da Escola de Samba atual campeã do Carnaval de Vitória, a Novo Império, com direito a grupo de pagode aberto e presença de várias figuras políticas do campo progressista.

O objetivo foi usar a alegria e a cultura popular como forma de chamar a atenção das pessoas para a importância da defesa da democracia.

Combustíveis a preço justo

Talvez a ação de maior sucesso do Sindipetro/ES tenha sido a campanha Combustíveis a Preço Justo, realizada ao longo de toda gestão. Criado como forma de denúncia ao Preço de Paridade de Importação (PPI) imposto pela diretoria bolsonarista da Petrobrás. Realizado em uma época de aumentos sucessivos nos preços da gasolina e do gás de cozinha, a ação rapidamente ganhou atenção da mídia e também da sociedade.

Ao todo, foram 18 mil litros de gasolina subsidiados para realização de campanhas de conscientização e 1,2 mil botijas de gás distribuídas em ações sociais. Mas o principal foi que conseguimos pautar o debate e criar um diálogo com a população, que sofreu com os preços altos dos combustíveis.

Além disso, atuamos em busca dos interesses da classe trabalhadora, mesmo que não sejam filiados, pois entendemos que todos os trabalhadores são importantes na luta pela Petrobrás pública e voltada para os interesses do povo brasileiro.

[Sindipetro ES]